
Jonathan Bailey esteve esta semana na Rua Sésamo num momento que trouxe ternura, humor e uma pitada inevitável de cultura queer.
No primeiro vídeo, Bailey sentou-se num banco de jardim em que se cruza com Elmo para conversar, ouvir e abraçar. O ator falou sobre família, novas amizades e na importância de sabermos parar, respirar e apreciar o que nos faz sorrir. “Dá-te um momento. Um momento para o que precisares”, disse. Terminaram com chocolate quente num momento bonito e simples.
Jonathan Bailey dançou com os ícones LGBTQ+ Becas e Egas
Mas o encontro seguinte gerou grande entusiasmo nas redes: Bailey dançou com os ícones Becas e Egas (Bert e Ernie, no original), a dupla mais famosa da Rua Sésamo. “Ele tem movimentos incríveis!” Os melhores amigos que, há décadas, são ícones queer… quer a produção o assuma ou não.
O mito urbano sobre Egas e Becas ser um casal existe quase desde a estreia da série. É uma leitura que nasceu da cultura popular e que cresceu com carinho, humor e identificação. A dupla vive na mesma casa e partilha rotinas, o que convida ao imaginário. Para muitas pessoas LGBTQ+, foi uma janela para afetos entre homens que não eram alvo de piada ou violência. Eram só… gentis um com o outro.
Durante anos, a produção da Rua Sésamo rejeitou qualquer interpretação romântica. Em 1993, reafirmou que as personagens “não retratam um casal gay”. Em 2018, repetiu a mesma posição, dizendo que “não possuem uma orientação sexual”. Mas a discussão ganhou força quando Mark Saltzman, um dos autores da série, referiu que escrevia Egas e Becas inspirando-se na sua própria relação. E descreveu-os como um “casal fofo”.
Mesmo perante estas leituras, a resposta oficial manteve-se. Porém, há um detalhe que não passou despercebido. Outras personagens de fantoche já revelaram relações heteronormativas ao longo dos anos. Isso mostrou que a orientação só desaparece quando se trata de personagens que o público lê como queer. E isso também diz algo.
A comunidade revê-se em Egas e Becas e não é por acaso
Egas e Becas tornaram-se ícones precisamente por abrirem espaço à imaginação. A amizade deles contrariava estereótipos, mostrava cuidado, ternura e uma intimidade que raramente era oferecida aos rapazes na televisão. Muito menos aos rapazes vistos como diferentes.
Ao longo dos anos, foram adotados como símbolos pela comunidade LGBTQ+. Não por o serem abertamente, mas porque podiam ser. Porque muita gente viu ali códigos que as próprias viviam. E porque essa leitura foi sempre recebida com uma mistura de humor e carinho.
O gesto de Bailey
Neste contexto, a presença de Jonathan Bailey — assumidamente gay, querido do público e referência internacional — acrescenta outra camada. Ele dança com Egas e Becas sem hesitar. Trata-os como a dupla afetuosa que sempre foi lida como tal. E faz tudo isso com naturalidade e encanto.
A Rua Sésamo continua a apresentar a dupla como melhores amigos e está tudo bem. Ícones queer nem sempre nascem da confirmação, muitas vezes nascem do olhar, da projeção e da necessidade de ver mais do que o que é dito em voz alta.
Bailey celebrou esses dois bonecos que tantas pessoas continuam a ver como parte da sua história. E fê-lo num momento leve, doce e cheio de significado. Não é preciso mais para perceber porque é que isto tocou tanta gente.
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