
Os Estados Unidos decidiram não assinalar o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA a 1 de dezembro. É a primeira vez que isso acontece desde a criação da efeméride em 1988. A decisão foi comunicada internamente pelo Departamento de Estado, que instruiu quem trabalha na instituição a não promover a data em qualquer canal público.
Segundo o NYT, um email enviado a pessoas trabalhadoras e a entidades financiadas pelo governo estadunidense determinou que não fossem feitas publicações, discursos ou iniciativas públicas relacionadas com o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA. A mensagem acrescentou que não poderiam ser usados fundos governamentais para celebrar a data.
Ainda assim, a comunicação indicou que quem trabalha no Departamento de Estado poderia mencionar programas de combate ao VIH, bem como participar em eventos externos. O email justificou a medida dizendo que a política atual passa por “não comunicar sobre quaisquer dias comemorativos, incluindo o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA”. Esta justificação contrasta com o facto de o presidente ter assinado proclamações para outros dias de sensibilização ao longo do ano.
Em resposta, Tommy Pigott, porta-voz do Departamento de Estado, afirmou que a administração está a modernizar a forma como responde a doenças infecciosas. Disse: “Um dia de conscientização não é uma estratégia.” Acrescentou ainda que o país estaria a trabalhar com governos estrangeiros para “salvar vidas e aumentar a responsabilidade e partilha de esforços”.
Uma decisão com impacto global
O Dia Mundial de Luta Contra a SIDA existe para reforçar a importância da prevenção, do tratamento e do combate ao estigma. É também um momento de memória para quem morreu devido ao VIH. A data nasceu em 1988, criada por duas pessoas que trabalhavam em comunicação na Organização Mundial da Saúde, com o objetivo de pôr o tema na agenda pública mundial.
A decisão da administração atual surge num contexto de fortes cortes no financiamento internacional para a resposta ao VIH. Estimativas apontam para 127.073 mortes de pessoas adultas e 13.527 mortes de bebés associadas à redução de fundos do President’s Emergency Plan for AIDS Relief (PEPFAR). Este programa, criado em 2003, já terá salvo entre 25 e 26 milhões de vidas.
Tradicionalmente, o Departamento de Estado publica o relatório anual do PEPFAR precisamente no Dia Mundial de Luta Contra a SIDA. Não se sabe se isso acontecerá este ano.
A importância do Dia Mundial de Luta Contra a SIDA
Suspender a visibilidade pública sobre o VIH num dos dias mais simbólicos da resposta global envia uma mensagem clara: a prioridade política mudou. E quando um país com o peso dos Estados Unidos recua, as consequências sentem-se em programas de prevenção, acesso a tratamento e apoio comunitário em várias regiões do mundo.
Num momento em que a ciência continua a avançar e em que países trabalham para eliminar novas infeções, esta escolha política contrasta com décadas de compromisso internacional. O silenciamento institucional não apaga a realidade: o VIH continua a afetar milhões de pessoas e a exigir investimento, solidariedade e políticas públicas robustas.
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