Zohran Mamdani: como o novo mayor de Nova Iorque quer transformar a cidade num verdadeiro refúgio LGBTQ+

Zohran Mamdani: como o novo mayor de Nova Iorque quer transformar a cidade num verdadeiro refúgio LGBTQ+

Zohran Mamdani venceu as eleições para mayor de Nova Iorque a 4 de novembro e surpreendeu muita gente. Aos 34 anos, tornou-se o primeiro mayor muçulmano da cidade e o mais jovem desde 1892. A vitória foi expressiva. Conseguiu mais de 50% dos votos e deixou Andrew Cuomo nos 41%, depois de uma campanha marcada por polémicas e acusações de agressão sexual.

Mamdani cresceu no Queens, filho de pai e mãe imigrantes ugandeses e indianos. Trabalhou como organizador comunitário e entrou na política local com uma agenda socialista e profundamente ligada às necessidades das pessoas mais precárias. A sua força sempre esteve na mobilização de base. Muitas pessoas não o viam como favorito, mas acabou por capitalizar o desgaste interno dos democratas e o desejo de renovação entre eleitoras e eleitores progressistas. O seu apoio entre pessoas jovens, racializadas e LGBTQ+ foi decisivo.

Mamdani promete uma plataforma económica, social… e queer

Durante a campanha, Mamdani apresentou propostas fortes para baixar o custo de vida: transportes públicos gratuitos, creches subsidiadas, mercearias municipais e congelamento de rendas. Mas destacou-se também pela defesa firme dos direitos LGBTQ+. Num país onde a administração de Donald Trump voltou ao poder com políticas anti-trans agressivas, a promessa de Mamdani era clara: Nova Iorque deve ser um “refúgio LGBTQIA+”.

Segundo os dados de saída das urnas, cerca de 81% das pessoas LGBTQ+ votaram nele. A mensagem de apoio inequívoco fez diferença para muitas pessoas que vivem hoje com medo crescente de perseguição política.

Políticas centrais para a comunidade LGBTQ+

Expandir e proteger cuidados de afirmação de género

A administração Mamdani promete investir 65 milhões de dólares para garantir acesso a cuidados de afirmação de género em toda a cidade. O objetivo é simples: que qualquer pessoa trans ou não binária possa receber cuidados de saúde seguros, mesmo com tentativas federais de restringir estes serviços.

Desses fundos, 57 milhões vão para hospitais públicos, clínicas comunitárias e organizações sem fins lucrativos. Os restantes 8 milhões servirão para integrar estes cuidados na plataforma VirtualCare da rede pública Health+Hospitals, melhorar acompanhamento e apoio domiciliário e criar um “Access Hub” dedicado à afirmação de género.

Mamdani afirma que vai responsabilizar hospitais privados que neguem estes cuidados. Recorda que essa recusa viola a Constituição do Estado de Nova Iorque e várias leis estaduais e municipais. Pretende ainda trabalhar com a Procuradoria-Geral e com procuradoras distritais para investigar estas práticas e realizar audiências públicas.

Tornar Nova Iorque um “santuário LGBTQIA+”

O plano inclui transformar Nova Iorque num verdadeiro porto seguro. Desde residentes de longa data a quem chega em busca de proteção, tratamento médico ou fuga da violência, todas as pessoas devem poder viver sem perseguição.

Outras cidades já se afirmaram como santuários LGBTQIA+. Mamdani quer que Nova Iorque lidere este movimento a nível nacional, num momento em que dezenas de estados restringem direitos básicos de pessoas trans e queer.

Criar o gabinete de assuntos LGBTQIA+

Nova Iorque tem cerca de 15% da população identificada como LGBTQIA+, mas os recursos dedicados têm sido insuficientes. A administração Adams reduziu drasticamente o financiamento ao Unity Project, deixando apenas uma pessoa responsável pelos programas LGBTQ+ municipais.

Mamdani quer inverter este cenário. Propõe criar o Office of LGBTQIA+ Affairs (Escritório de Assuntos LGBTQIA+), com um mandato para coordenar políticas inclusivas em todas as agências públicas. Este gabinete fará ligação com organizações comunitárias, desenvolverá programas educativos e garantirá que as necessidades LGBTQIA+ são consideradas nas decisões do município.

Por que este momento importa

Num contexto político estadunidense cada vez mais hostil, a vitória de Zohran Mamdani representa um sinal forte de resistência democrática e solidariedade queer. Para muitas pessoas LGBTQ+, Nova Iorque poderá voltar a ser aquilo que sempre prometeu: um lugar onde possamos viver, cuidar e existir sem medo.


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