A Sexualidade (Inclusiva) de Olly Alexander dos Years & Years

Os Years & Years já não são uma banda imune à atenção do público em geral. Se em 2012 lançaram o seu primeiro single, “I Wish I Knew” sem grande aparato, o lançamento do primeiro álbum de originais fê-los atingir um sucesso palpável com Communion a chegar ao topo das tabelas britânicas. O contagiante refrão electropop de “King” teve a mesma eficácia e consolidou os rapazes londrinos como um nome a ter em conta na música electrónica.

E se a mistura de dance pop dos anos 90 com R&B foi a fórmula para o sucesso, também usada com sucesso pelos colegas Disclosure, é a figura de Olly Alexander que parece concentrar as maiores atenções. Com postura frágil mas voz possante e versátil, o cantor, compositor e instrumentista de 25 anos é uma força que não se deixa domar. Começou a sua carreira como actor tendo participado num número notável de séries britânicas que incluíram a famosa Skins e um pequeno papel em Penny Dreadful.

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Foto dos Years & Years para a revista Out

No entanto é na música que encontrou o seu refúgio e a sua voz. E parte da sua missão é, enquanto músico assumidamente homossexual, de normalizar a presença do amor gay no mundo das canções pop, ainda tão dominado pelo “ele” e “ela”. Por isso chama de “pequeno triunfo” o mero facto de entoar pronomes masculinos em algumas das suas canções, algo ainda raro e que nos faz equiparar à mesma audácia juvenil de outro grande sucesso da indie pop que já demos a conhecer, Troye Sivan.

Se essa quebra da normativa foi um “pequeno triunfo”, tal se pode chamar também ao novo vídeo que lançaram em Março, “Desire”, um single relançado agora com a presença da cantora sueca Tove Lo. A canção já fazia adivinhar a rendição inevitável a desejos e prazeres proibidos. Contudo, o novo video feito para a canção é uma autêntica celebração da sexualidade queer e não-binária de Alexander, com o cantor a ceder às suas diversas tentações carnais, quer elas sejam heterossexuais, homossexuais ou tudo o que descansa no meio.

É de louvar tamanha honestidade, não porque visa chocar e ser polémica mas porque revela apenas a normalidade da constante fluidez da sexualidade humana. Enquanto esperamos pela estreia em Portugal de Olly e dos restantes rapazes no palco do NOS Alive em Julho, dancem sem inibições ao som de “Desire”:

Obrigado ao António Barbosa pela sugestão 🙂

Fontes: 1, 2, 3