Mariana Mortágua assume-se publicamente: “Sou uma mulher lésbica”

Mariana Mortágua assume-se publicamente: "Sou uma mulher lésbica"
Via Bloco de Esquerda

Mariana Mortágua, deputada pelo Bloco de Esquerda e candidata à liderança do partido, assumiu-se como mulher lésbica.

Em plena semana da Visibilidade Lésbica e na véspera do 25 de Abril, a bloquista começou por intervir no seu programa de comentário semanal por recordar o arquivamento do processo judicial que lhe tinha sido movido. Nesse momento lamentou estar a ser alvo de uma “perseguição política” crescente. Consciente de que esse tipo de tentativa de “desgaste” vai “continuar”, a deputada e ativista garantiu estar “preparada para tudo”.

Sei que este tipo pressão e perseguição política vai continuar e até subir de tom. Seja porque sou mulher, seja porque sou de esquerda, seja porque sou uma mulher lésbica, seja porque sou filha de um resistente antifascista, seja porque, aparentemente, tenho o dom de incomodar algumas pessoas com muito poder. Sei que, infelizmente e para algumas pessoas, vale tudo na política“, lamentou Mariana Mortágua. “Vou continuar a ser quem sou e a fazer o meu trabalho“, rematou.

Na sexta-feira, 21 de abril, o Tribunal Central de Instrução Criminal arquivou o processo contra Mortágua, onde a deputada era acusada de violar o regime de exclusividade por fazer comentário político na SIC Notícias.

O caso já fora arquivado pelo Ministério Público, mas houve um pedido de reapreciação do processo. As queixas partiram de dois empresários que não se conformaram com a decisão e que eram representados pelos advogados Luís Gonçalves Pereira, que foi candidato a deputado (em sexto lugar no círculo de Lisboa) pelo Chega, e Rui Santana, que foi condenado quatro vezes por “enganar clientes”.

Assim que Mariana Mortágua foi constituída arguida, o Bloco denunciou aquilo que entendia ser uma forma de “perseguição política” dirigida por elementos do Chega. Quando o caso foi definitivamente arquivado, o partido defendeu que estas eram “tentativas de retaliação” pela “denúncia das redes e negócios da oligarquia russa e da extrema-direita” que o Bloco tem vindo a fazer.

É neste contexto que surge o coming out de Mariana Mortágua, onde ser-se LGBTI+ ainda é caso para se sofrer pressões, chantagens e perseguições. Mas o Orgulho está onde sempre esteve, também com Mariana e hoje um pouco mais brilhante e um pouco mais necessário.

Caso seja eleita para a liderança do Bloco de Esquerda, Mortágua será a primeira pessoa LGBTI+ à frente de um partido português.

A deputada junta-se assim a outras pessoas políticas que também se assumiram publicamente como Sandra Cunha, a primeira deputada a assumir-se lésbicaa ex-ministra Graça Fonseca, o secretário de Estado André Moz Caldas, o antigo secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes ou o vice-presidente do PSD Paulo Rangel.

Atualização 28 de maio

O Bloco de Esquerda elegeu este domingo Mariana Mortágua como coordenadora, a primeira vez que uma pessoa assumidamemente LGBTI+ lidera um partido com assento parlamentar em Portugal: “Já nos conhecem, mas ainda não viram nada da força que sabemos criar”.


3 comentários

  1. Que se saiba, não há “homens lésbicos”… Não bastaria ter dito, em bom português, “porque sou lésbica”?

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