Centro LGBT: Um Farol Em Lisboa

Foi com alguma timidez que entrámos no Centro LGBT na Rua dos Fanqueiros. Não sabia eu nem o Nuno o que iríamos encontrar, mas dado o nosso desafio para nos tornarmos mais activos na luta pelos direitos das pessoas LGBTQ, era um passo que tinha que ser dado.

Conhecido o projecto da ILGA Portugal, não seria difícil em nos identificarmos com as pessoas que o tornam, dia após dia, possível. Mas como seria o contacto directo com elas, para lá de todas as lutas, reivindicações, teorias sociais? Como seria a aproximação para lá da discussão no papel (ou ecrã, teclado, arroba)?

Caímos ali como quem entra num comboio em andamento. Um comboio altamente afinado. Se é verdade que o improviso é muitas vezes a inspiração múltipla de muito bom português, a verdade é que no Centro LGBT não é excepção e, entre voluntários, ajudas, beijos, abraços, um punhado de pessoas consegue manter aquele num espaço aberto a todos e todas que ali desejem estar. E isso, deixemo-nos de devaneios estilísticos, requer trabalho. Não há como contornar a palavra. Mas a seguir a esta surgem outras e são essas que no final importam reter: a força e a união que todos e todas as que, directa e indirectamente passam pelo espaço, partilham. São essas as palavras-chave.

Trata-se de um espaço aberto, as portas e as paredes de vidro não deixam enganar aqueles que de fora possam pensar num local fechado, de vergonha. Não, ali estão, ali estamos, porra, ali estou. Desenvencilhado, eu, nós, eles. Estamos. E somos. Ali.

O anfitrião é o Paulo Rainho e, apoiado pela agenda criada pela Joana Peres, faz correr toda esta maquinaria e recebe as pessoas que entram no Centro LGBT. Todas elas. Sorriso quente e pitada de humor à mistura, deixa as pessoas como que em casa. Esta é, afinal de contas, uma segunda casa para quem a frequenta com esta dedicação.

E que maquinaria afinal é esta? São sessões de cinema, LGBTQ, pois claro!

 

 

Oficinas de arte da ILG’arte!

Grupos de Teatro!

 

Karaoke*

*talento meramente opcional!

Mas há mais, há coro CoLeGaS, há equipas de desporto, há dança, há discussões sociais e políticas nas sessões da “ILGA-te à Conversa“, há convívio, há bar, há mesas redondas, há livros, pinturas e até um piano há. E pessoas, sim, pessoas muitas, de variados géneros, estilos, orientações, nacionalidades, cores políticas, ideias, opiniões, talentos. Pessoas. Juntas no Centro LGBT. É essa a ideia. Venham.

Porque, mais que um comboio, este espaço é, na realidade, um farol. É um farol que ilumina a cidade de Lisboa e todas as pessoas que desejem a sua cromática, envolvente e absolutamente orgulhosa luz.

ILGA Centro LGBT Lisboa Portugal 20 anos


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Respostas de 9 a “Centro LGBT: Um Farol Em Lisboa”

  1. […] na passada semana que se deu no Centro LGBT, em plena Rua dos Fanqueiros em Lisboa, a tertúlia sobre “Homofobia e Sexismo no Desporto” que reuniu várias figuras […]

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  2. […] correspondente pode ser aqui lida) e, “20.000 km depois”, o autor regressa ao Centro LGBT, no dia 19 de Novembro, a partir das 18h30, para falar sobre as suas novas obras, num raro encontro […]

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  3. […] nas próximas semanas – estive na Assembleia Geral da ILGA Portugal que decorreu no Centro LGBT e de onde saiu nova administração a qual integro. Duas eleições para mim importantes no mesmo […]

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  4. […] passado sábado dia 10 decorreu, no Centro LGBT, uma festa organizada pelo Grupo de Teatro PAR’SER da ILGA-Portugal. A festa teve como objectivo […]

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  5. […] livros,  Viagem a Coimbra e Sete Dias de Verão, onde também se destaca a sua apresentação no Centro LGBT, foi um das vencedores nos Prémios Time Out Lisboa 2016 que se realizaram ontem em Lisboa na […]

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