*Excerto de The Highway, de Tunde Olaniran.
Sejam então bem-vindos a um set de 7 ligeiramente renovado.
Assim, num rumo de maior foco e simplificação, a designação da rubrica é atualizada e passamos a ter apenas “7”, como provavelmente já terão deduzido do novo logotipo adotado. Neste “7” passamos a focar particularmente um ou dois artistas que julgamos merecerem atenção especial, sem desprimor dos restantes que continuarão a perfazer uma playlist de sete músicas para durar todos os dias da semana. E este é também um ponto relevante nesta atualização – as mudanças fazem parte da evolução e, por isso, serão certamente sempre bem-vindas a este espaço, mas o seu principal objetivo, partilhar e divulgar música e vídeos interessantes todas as semanas, mantém-se inalterado.
Com isto em mente, estreemos então este espaço, virando o foco para dois artistas: Tunde Olaniran e Kacy Hill.
Tunde Olaniran não é a habitual estrela do panorama musical, e talvez seja por isso que se destaca. A sua música reflete uma atitude de auto-criação de algo que se adapte a si próprio, uma abordagem que já praticava em relação às roupas que veste, tendo começado a fazê-las ele próprio ao sentir-se constantemente frustrado por não ficar satisfeito com o modo como as roupas que encontrava nas lojas assentavam no seu corpo.
Não há um estilo definido que se identifique imediatamente nas suas músicas, há antes uma experimentação de várias sonoridades com inspirações pop, r&b, hip-hop e eletrónica, mas sem se fechar em nenhuma delas, o que resulta numa amálgama em que se conseguem identificar estas influências mas em que não existem limites. É um estilo transgressor, em que se violam limites e em que se expande a criatividade num plano mais alargado. É este o adjetivo que o próprio usa para descrever o seu estilo musical, e é este também o título do seu álbum de estreia, lançado em 2015, um conjunto de canções que, pela própria versatilidade e experimentação, não se funde facilmente com o ambiente, mas antes exige alguma atenção, e em que o elemento de união é essencialmente a voz facilmente reconhecível de Tunde.
A contribuir para esta diversidade estará também o seu background: de ascendência nigeriana e americana, criado entre a Alemanha e a Inglaterra antes da família se ter estabelecido em Michigan, nos Estados Unidos, onde ainda permanece, e com experiências que vão além da sua carreira como cantor e produtor para abraçar também projetos como coreógrafo, bailarino, designer e escritor, e atividades como assistente social e ativista da causa LGBTQ, a coleção de retalhos que é Tunde Olaniran transparece nas suas músicas.
Kacy Hill já tinha visitado o set de 7 há umas semanas, e na altura partilhei um pouco do seu background, referindo a sua experiência no mundo da moda, onde entrou aos 16 anos, e o seu desvio para o universo musical, apadrinhada por Kanye West, convencido do seu talento após conhecer o seu single de estreia, “Experience”. Na altura partilhei esse mesmo single, bem como a informação de que o seu álbum de estreia estaria previsto para 2017. Pois bem, chegamos a junho e esse álbum tem já data de lançamento definida, no final deste mês, e são já conhecidos os dois primeiros singles do mesmo, “Like a woman” e “Hard to Love”, e a sua qualidade, aliada à que já lhe reconhecia nos singles anteriores, justificam este relevo adicional que lhe pretendo dar neste espaço musical.
A voz delicada de Kacy Hill acompanha a imagem de uma figura frágil que não se deixa, no entanto, dominar pela música, antes resultando numa fusão extremamente melodiosa. Além da música de Kacy Hill, outro aspeto que se destaca é a imagem. Nos videoclips que acompanham os singles lançados, a imagem é um componente que acrescenta à música sem se sobrepor, com uma fotografia que capta a atenção e a mantém focada, num resultado que certamente reflete a experiência de Kacy Hill no mundo da moda e o contacto que consegue fazer com a câmara. Um destaque especial tem que ser dado a “Like a woman”, o primeiro single a ser conhecido. Aliado a uma música sensual e delicada surge um vídeo que explora a sexualidade de uma forma direta e imediata em que a própria Kacy Hill surge por vezes desumanizada, enquanto questiona “What makes you make me feel like a woman?”, numa música que explora a necessidade, mesmo o desespero, de ser amada.
Além dos artistas focados em particular, a playlist desta semana inclui ainda Britt Daley, Snow Culture, Hopium, Dirty Projectors e ainda Bishop Briggs, para quem não posso deixar de chamar atenção especial, já que o seu último EP, “Bishop Briggs – EP” me tem acompanhado nos últimos dias.
Sem mais delongas, este é o novo 7, volume 17 ou, para simplificar, 7.17.
Os destaques visuais desta semana vão, como não poderia deixar de ser, para Tunde Olaniran e Kacy Hill, e ainda para Dirty Projectors, num vídeo que deixa transparecer a emoção da canção que representa, e Bishop Briggs, num vídeo simplista mas cuja abordagem estética extremamente interessante capta a atenção.
Enjoy!
[Tunde Olaniran – The Highway]
[Kacy Hill – Like A Woman]
[Dirty Projectors – Keep Your Name]
[Bishop Briggs – The Way I Do]