A troca da palavra “orientação” por “opção” já não é de agora. E esse é o grande problema que tem vindo a dificultar a vida das pessoas LGBTQI+. É nesse sentido que surge o preconceito e até a ideia de que aquilo que a pessoa é pode ser reversível. Que pessoas com menos acesso à informação ou que não tenham interesse nos temas LGBTQI+ o façam, até se percebe; apesar de não ser, de todo, compreensível. Agora, o mais drástico é que cidadãos informados, com grandes redes de contactos e conhecimento troquem as palavras. A confusão entre ambas também se verifica naqueles que são afetados pela própria confusão. É o caso de muitos homossexuais, que afirmam ter optado por ser assim. Ou seja, insistem na ideia de que escolheram a sua orientação sexual.
É preciso relembrar, aqui, o que são a orientação e o género. É que toda esta confusão pode ter consequências muito graves se se continuar a banalizar. Sendo que a comunicação social, que tem o papel de informar, deve dar extrema importância à correta utilização dos termos. Assim, a palavra “opção” define-se como o acto ou faculdade de optar; livre escolha. Enquanto que “orientação” (neste caso sexual) se carateriza como um padrão de atração sexual ou emocional por determinado sexo ou género. Assim, e dada a utilização das palavras “padrão” e “emocional”, já nos permite perceber que se trata de algo intrínseco à condição humana de cada um.
Não restam dúvidas que se deve utilizar a palavra “orientação”, nem deveria existir este problema. Talvez esta ideia esteja presente na cabeça das pessoas, mas como não se obrigam a dizer nem a falar corretamente, preferem utilizar a norma. E, neste caso, a norma está totalmente errada. Nunca se deve utilizar a palavra “opção” para se dirigir ao facto de alguém ser homossexual, bissexual, etc.
Foi após ter ouvido no programa ‘Você na TV!’, da TVI, o próprio Manuel Luís Goucha escolher a palavra “opção” para se dirigir à homossexualidade que achei muito grave e fiquei a pensar no porquê de ter dito aquilo. Sei, obviamente, que a ideia de que a homossexualidade não é uma opção está bem presente na mente do apresentador. Portanto, penso que esta situação se trata de uma questão de banalização. Por isso é que lhe chamei de confusão. Assim, é preciso que se tome iniciativa de falar corretamente.
Em todos os meus artigos aqui para o esQrever refiro a importância das sessões de esclarecimento e das deslocações das instituições às escolas. O problema é que muitas gerações já não vão ter acesso a essas informações. Logo, é aí que entra a comunicação social. Não se lêem muitos artigos sobre estes temas nos jornais nacionais. Claro que é de extrema importância escreverem-se artigos sobre as condições ambientais e alterações climáticas, para além de todas as outras matérias da atualidade. Mas também é preciso que se comece a pensar nestas questões. Ao fim de contas, trata-se de civilização e de respeito pelo outro. É nestes pormenores que é preciso intervir e assim, talvez um dia, se possa dizer que o país já não é tão preconceituoso em relação à orientação sexual.
Imagem: Pixabay
Não fui orientado e muito menos fiz opção pela homossexualidade! Admiro a forma como Biólogos se referem a cada membro da espécie, isso é, como indivíduo! Não é porque estudos científicos concluíram que a homossexualidade Não seja patologia, que venha a ser definida como uma “opção”; “orientação” então é mais utópico: pelo menos para mim, ninguém chegou e me disse para sentir atração pelo mesmo gênero (fiquei adolescente, primeira ejaculação, pela atração que as pernas de um colega me despertou; foi espontânea a reação do pênis) ! Já ao chamado conflito de gênero, eu e meus irmãos fomos aguardados “filhas” e numa época sem ultrassom: 9 meses de expectativas de nossa mãe. Nesse sentido, nossa memória fetal estava lá “pressionando” pela “coerência”, como que orientando: opte por homem!