Legislativas 2019: PSD inclui “opções sexuais” no seu programa eleitoral

Foi chamado à atenção, pela deputada Isabel Moreira (PS), no Debate promovido pela ILGA Portugal, que o PSD – que não pôde estar presente no evento – utiliza no seu programa eleitoral para as legislativas de outubro a expressão “opções sexuais”. Fui confirmar, perplexo, e a verdade é que, efetivamente a usa não somente uma vez, mas até duas vezes, para termos a certeza que não se trata aqui de um mero – mas desleixado – lapso.

Ora, qual é mesmo o problema de, em 2019, ser usada a expressão “opções sexuais” quando, obviamente, pretendem referir-se a “orientações sexuais”?

É que a primeira tem pressupostos distintos da segunda. Repare-se, enquanto na primeira existe a ideia de escolha, consciente, reversível e íntima; já a segunda remete para a identidade, para a natureza, próprias de cada pessoa. Por isto mesmo, e por toda a desinformação que carrega, tal como o estigma que lhe está associado, é um termo que deixou de ser usado há várias décadas no âmbito médico e académico. Aliás, desde 1990 que a Organização Mundial de Saúde reconhece a homossexualidade como tal. Por arrasto, vai para três décadas que se educa nesse sentido: a orientação sexual faz parte da identidade de cada pessoa.

Esta não é, portanto, uma questão de pormenor, muito menos uma picuinhice minha e não há realmente desculpas para confusões, muito menos num programa partidário que procura tocar – ainda que ao de leve – no combate à discriminação de minorias sexuais. Prolongar esse estigma é mais que uma simples desatenção, é sim uma verdadeira irresponsabilidade. Alguém, por favor, avise o PSD que estas são as eleições de 2019 e não as de 1985.