
Mamas, vamos falar de mamas? A maior parte de nós tem-nas aos pares, a maior parte de nós gosta de vê-las e tocá-las, a maior parte de nós agarrou-se a um par de mamas como quem se agarra à vida. E, no entanto, a maior parte de nós sente vergonha ao mostrar as mamas. E porquê? Este é um tema que é tão entranhado na maioria das sociedades do mundo – mas não todas – que é quase considerado uma das últimas batalhas pela libertação das mulheres. Porque é sobre as destas que aqui escrevo. As mamas ficam para último, mas não todas. Vejamos:
Há mamas grandes em homens, mamas pequenas em mulheres, há mamas que alimentam e há mamas que seduzem. Há mamas lisas e mamas descaídas, há mamas peludas, mamas tatuadas, mamas puxadas e mamas tapadas, mamas firmes, mamas fofas. Direitas e vesgas, para cima e para baixo, direita e esquerda. Há meias mamas, mamas assim-assim, mamas top, mamas soft. Há mamas maternais, mamas rijas, cortadas, mordidas. Há quem não tenha mamas, já não. Há quem as aumente, quem as reduza. Há nelas fio de pérola e nelas há também fios dourados de cristo na cruz. Quase toda a gente tem mamas e, no entanto, só uma parte de nós sentirá vergonha por elas.
Escrevo isto sem saber se o texto e imagem vão ser vítimas do lápis azul facebookiano, são conhecidas as histórias de contas bloqueadas e posts apagados automaticamente sem justificação. É assim porque é assim, porque sempre foi assim. Ainda no outro dia a imagem de uma estatueta com 25 mil anos foi censurada na rede social. O mesmo aconteceu em várias imagens celebratórias dos 60 anos de Madonna. Um ponto em comum? Mamas, pois claro! De mulher, como não poderia deixar de ser. Fossem uma mamas rijas e bem oleadas de um modelo masculino em calções de banho e óculos de sol isto não seria problema. Porque há mamas e há mamas! Umas, aparentemente, mais ofensivas que outras.
Em que diferem as mamas, anatomia à parte? Em que diferem ao ponto de umas serem uma armadura símbolo de virilidade e outras serem símbolo de vergonha e censura – e ironia das ironias, símbolo do desejo sexual e da fertilidade? Por que nos é natural ver umas tapadas e outras despreocupadas em banhos de sol? Por que umas são mais que outras? Inevitavelmente chegamos ao ponto da moralidade e da sua mais-que-tudo castidade. Pergunto, ser-se pudica é uma mais-valia aos olhos de quem? Que valores defende, sobre quem?
As mamas são-nos primordiais, seja pelo gozo que nos dão, seja pelo gozo que lhes dão. Fazem parte de nós e quando as perdemos ficamos profundamente recortadas. E ao encontrarmos algo que substitui aquele pedaço de carne percebemos a importância que ele tem para nós. Orgulhemo-nos pois dele, sem ofensas, sem purezas, sem imposições, apenas um pedaço de nós que permite abraçar mais apertado. São mamas. Mamas, caralho!

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