Queer Porto 4: “Dykes, Camera, Action!” de Caroline Berler

Estamos finalmente numa fase em que questionamos a ausência do olhar feminino nos filmes de Hollywood e da falta de mulheres na realização e enquanto cineastas. Foi inclusivamente este ano que Natalie Portman em plenos Globos de Ouro a apresentar Melhor Realização disse: “E aqui estão os nomeados, todos homens” e que levantou ondas pela indústria. Felizmente a omissão de Greta Gerwig foi erradicada nos Óscares pelo seu “Lady Bird“, mas a realidade é que apenas uma mulher, Katheryn Bigelow, alguma vez ganhou a estatueta de Realização.

Isto também é verdade no cinema queer que começou por dar voz a muitos realizadores homossexuais em histórias maioritariamente gay. Felizmente a própria marginalidade do cinema queer permitiu mais cedo dar o destaque às mulheres enquanto criadoras das suas próprias histórias e essa tradição é magnificamente representada no documentário “Dykes, Camera, Action!” de Caroline Berler, que explora as várias realizadoras lésbicas do cinema queer norte-americano e como elas foram construindo o seu próprio espaço pessoal na 7a arte.

É um percurso onde o cinema e o ativismo se misturam na sua génese, mas dando espaço nas últimas décadas lugar a histórias mais convencionais que podem chegar a mais público enquanto simultaneamente estimula a sensibilização e a representação para e das pessoas LGBT. Desde Barbara Hammer a Desiree Akhavan, Berler entrevista estas mulheres de armas e vai fundo ao efeito por elas causado na maturação da nossa comunidade. Um documentário não só importante como o também prazeiroso.

Por Nuno Miguel Gonçalves

I lived once. And then I lived again.

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