Neonazis espalham cartazes em escolas contra ‘ideologia de género’

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Com o intuito de recrutar jovens, estão a ser colados cartazes por um grupo neonazi em diversas escolas do país contra uma alegada ideologia de género. “Vivemos numa era de obscurantismo científico comparável apenas aos dias mais negros da Era Medieval“, escreveu o grupo responsável. As autoridades estão alerta e a vigiar estas novas organizações.

Nos últimos três anos destacaram-se cinco movimentos identitários neonazis, alguns deles atraíram históricos skinheads. Estes novos grupos têm-se avolumado por toda a Europa e procuram igualmente espaço em Portugal. É sobre a expansão deste fenómeno em Portugal que alerta o Serviço de Informações e Segurança, tendo o atual diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, assumido o combate à “extrema-direita emergente e criminosa“.

São sempre grupos de risco, alvo de atenção especial“, mas reforça que a liberdade de expressão “é um direito“. O crime só é cometido quando estes grupos concretizam os seus discursos racistas e xenófobos ou há apelos diretos à violência. E, pelo que pudemos ler, a linguagem usada é especialmente cuidada para serem contornadas linhas que lhes pudessem limitar a propagação do discurso (subtilmente) ofensivo.

Esta postura não é alheia ao “novo perfil de militantes”, explicou fonte policial. Uma postura “com potencial para atrair mais gente, principalmente jovens nas escolas secundárias e universidades, através das redes sociais.” E clarifica que a imagem anterior de boneheads (cabeças-ocas) dos skinheads mudou nos últimos anos: “Estamos perante jovens universitários, licenciados com capacidade de retórica capaz de grande influência em determinados contextos socioeconómicos.

Quando gente com acesso à informação e à forma de comunicar, especialmente quando esta se foca no recrutamento de jovens em escolas, entre outras, em Cascais, Arroios e Graça, importa que, tanto as escolas como as famílias, estejam atentas a estes movimentos de extrema-direita. Porque ela tem encontrado maneira de propagar a sua mensagem xenófoba, racista, homofóbica e transfóbica em formatos apelativos que contornam as leis nacionais no que toca ao discurso de ódio e ao incentivo à violência. A liberdade de expressão, fundamental em qualquer democracia, é uma espada de dois gumes. Importa saber de que lado estamos.

Atualização 8/11/2018:

Os cartazes começaram a ser retirados por entidades competentes após denúncia.

Fonte: DN.


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Respostas de 8 a “Neonazis espalham cartazes em escolas contra ‘ideologia de género’”

  1. dasss…. estes marmelos falam em neo nazis como quem fala em macdonalds…..

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  2. É malta que quer sair da casca… O melhor é estarmos atentos a esses gatos

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  3. […] “A extrema-direita tem encontrado maneira de propagar a sua mensagem xenófoba, racista, homofóbica …“ […]

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  4. […] assim que este grupo do PSD e do CDS se aproxima perigosamente da extrema-direita que tem tentado lançar campanhas contra a autodeterminação de género, precisamente em várias escolas do país. Aproxima-se também da linguagem utilizada por vários […]

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  5. […] com ligações ao neo-nazismo, manifestamente homofóbicos por força da sua ideologia base (aqui), tragam para o seio do CHEGA posições homofóbicas mais radicais. Sabe-se também que o CHEGA se […]

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  6. […] de não haver reivindicação de nenhum grupo organizado, não é inédita esta difusão de mensagens de ódio em escolas por Lisboa por parte de grupos de ex…. Também não é coincidência que tais demonstrações tenham vindo a aumentar desde a eleição […]

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  7. […] de ser curioso como alguns destes movimentos se tentam descolar da misógina, machista e, sim, transfóbica extrema-direita, sem entender que partilham com ela a exclusão de quem mais coloca em causa a sua ideologia. A […]

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  8. […] Apesar de Portugal ter avançado significativamente em direitos LGBTQIA+, a desinformação como arma política ou cultural também tem vindo a crescer. Um dos exemplos mais recorrentes é a circulação de conteúdos falsos sobre uma suposta “ideologia de género” imposta nas escolas, com alegações infundadas de que se está a “ensinar crianças a serem trans”. Em muitos casos, estas mensagens usam imagens descontextualizadas de cartazes escolares ou momentos pontuais de celebração da diversidade para espalhar medo e desinformação. […]

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