Grupo de ódio persegue vítimas através das redes sociais

Nota: Decidi não partilhar as imagens e vídeos dos ataques por os considerar mensagens de ódio. Prefiro partilhar a imagem da capa, a Marcha do Orgulho de Bruxelas.

Twitter, WhatsApp, Telegram, Instagram, Facebook. Grande parte das pessoas LGBTI diz já ter sofrido assédio ou bullying online. Os impactos na saúde e bem-estar mental são por vezes invisíveis, mas impossíveis de ignorar quando resultam em ataques e violência na vida real.

Esta semana, na Bélgica – considerado dos países mais seguros, LGBTI-friendly e mais avançados em termos de direitos LGBTI – soube-se da existência de um grupo de Telegram com mais de 600 membros em que se partilham vídeos de violência gratuita e se organizam ataques a pessoas LGBTI.

O jornal De Morgen, noticiou este fim-de-semana o espacamento filmado de um jovem LGBTI em Leuven, uma cidade estudantil na região Belga da Flandres. O caso rapidamente passou de ser uma vil agressão isolada para uma rede online que partilha, promove e incita violência contra minorias ‘merecedoras de violência’. Um grupo no Telegram e uma página privada no Instagram são os focos de um grupo com mais de 600 membros.

O relato de uma vítima em Antuérpia, das poucas que apresentou queixa, é semelhante a de outros em outras cidades flamengas e que acabaram partilhados na internet.

“Há algumas semanas eu estava no Groenplaats em Antuérpia, juntamente com um amigo”, diz o jovem, também ele próprio LGBTI. “Um pouco mais à frente, dois convidados estavam a tocar música alta. Quando saímos, eles começaram subitamente a perseguir-nos. E um pouco mais tarde fui ameaçado através do Instagram. Mas não sou alguém que me deixe, por isso concordei em falar com eles. Não devia tê-lo feito… Ameaçaram-me gravemente. Tive de me pôr de joelhos e pedir desculpa. E se eu não o tivesse feito? Então eu teria sido gravemente ferido”.

Penso que o administrador desse grupo dirige deliberadamente os membros para procurarem, ameaçarem e espancarem os jovens. E têm de filmar as suas acções de modo a poderem partilhá-las. Eles parecem realmente fazê-lo pelas ‘opiniões’ e pelos ‘gostos’“.

Este grupo de ódio procura as suas vítimas nas redes sociais como o TikTok e o Instagram. Já em abril, de Marrocos chegou-nos a notícia que uma influencer trans partilhou online ‘dicas’ para identificar homens gay, incentivando as seguidoras a criar contas falsas no Grindr e Romeo. Estas ‘dicas’ resultaram no ‘outing’ de centenas de homens gay em Marrocos, onde relações sexuais homossexuais são ilegais.

Estes são dois exemplos de como as nossas vidas estão cada vez mais interligadas com o mundo virtual, e como as consequências no mundo real podem ser devastadoras, colocando em causa a segurança física e social de pessoas e comunidades.

6 dicas a não esquecer para continuares segur@ e fabulos@ online

  1. Revê as definições de privacidade. Aprende sobre as opções de privacidade de cada rede social e define o teu nível de conforto para a partilha de informação.
  2. Pesquisa por ti próprio. Pesquisa a internet pelo teu nome e palavras a que não queiras estar associado. Pode ajudar-te a perceber se fores vítima de bullying e a tentares controlar a situação. Denuncia o conteúdo que não seja apropriado.
  3. Protege as tuas informações pessoais. Estudos indicam que as comunidades LGBTI confiam na Internet e em aplicações de encontros de forma mais significativa do que heterossexuais, mas a partilha de demasiada informação pode ser um retrocesso.
  4. Pensa antes de agir. Tem cuidado com as interações que te pressionam para uma acção imediata ou peça informação pessoal.
  5. A internet não esquece. Pensa duas vezes antes de enviares ou postares fotos ou comentários. Tudo o que partilhares ficará para sempre acessível na internet, mesmo se apagares depois.
  6. Lê as letras pequenas. Antes de descarregares aplicações, revê as políticas de privacidade e percebe que dados – localização, acesso às tuas redes sociais, fotografias, etc. – é acedido e partilhado.

Mais dicas aqui.

Se forem vítimas ou assistirem a algum incidente/crime/abuso LGBTIfóbico devem reportá-lo no Observatório da discriminação contra pessoas LGBTI da ILGA Portugal. Anonimato garantido numa das ferramentas mais importantes contra a LGBTIfobia em Portugal.


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