Nick Cave respondeu a um pai de criança trans com a noção de amor incondicional e do privilégio que é poder partilhá-lo

Nick Cave respondeu a um pai de criança trans com a noção de amor incondicional e do privilégio que é poder partilhá-lo
The New Yorker.

Malcolm McKesson, um pai à procura do reencontro com o seu filho, escreveu a Nick Cave no seu projeto The Red Hand Files. O filho de McKesson está em processo de mudança social de género, a mudar os pronomes com que se identifica. Sem nunca deixar para trás o seu amor pelo filho, não esconde também o processo que lhe cabe a ele, como pai, acolher o seu filho.

Disse-me que é como uma armadura – uma máscara que o torna mais forte em público“, explicou McKesson antes de dizer que têm-se unido através da música de Cave.

Referindo-se especificamente a “O Children”, do álbum Abbatoir Blues / Lyre of Orpheus – que também aparece em Harry Potter and the Deathly Hallows Part 1 – McKesson contou que Claude lhe enviou a música para ouvir e foi apanhado pela emoção.

Tive arrepios. É lindo que ame essa música“. E poder dizê-lo “é algo pelo qual sou muito grato“, escreveu McKesson antes de perguntar a Nick Cave se ele tocaria a música no seu próximo concerto em Minnesota e se poderia dedicá-la a Claude.

Nick Cave mostrou profunda empatia por ambas as viagens, a do pai e a do filho trans

Em resposta a esta mensagem, Cave refletiu sobre como é “perder nossas crianças para o mundo, à medida que crescem e entram nas suas próprias noções de como desejam ser“.

Entendo os seus sentimentos conflituosos sobre perder uma filha e ganhar um filho, mas também posso sentir a sua consciência de que a alma permanece consistente e imutável e que o amor, o verdadeiro amor parental, corre eterno e incondicional através dessa alma“, respondeu Cave, um pai que perdeu dois filhos.

“O Children” é vista como uma canção desafiadora e complexa sobre mudança e transformação. E assim Cave continuou: “Achei a frase final da sua carta particularmente comovente, implícita nela foi o reconhecimento do grande privilégio que é ser pai e a consciência de que, como pais e mães, em última análise, existimos pelo melhor da nossas crianças. Entendemos que muitas vezes os seus ganhos são as nossas perdas, e, embora lutemos pelas nossas crianças e queiramos protegê-las da melhor maneira possível, chega um momento em que temos que deixá-las ir, em aceitação e gratidão, para serem como elas desejam ser. Este é o ato supremo de amor e sacrifício. Ficarei feliz em tocar “O Children” em Minnesota e dedicá-la a Claude.

“O Children” pode ser escutada de seguida:

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