
Uma onda de crimes violentos contra homens gays e bissexuais no Brasil, relacionados a encontros marcados em dating apps, tem gerado alarme na comunidade LGBT+ e levantado questões sobre a segurança dessas plataformas. Segundo a Reuters, desde março, pelo menos cinco homens foram mortos em São Paulo após serem atraídos por perfis falsos nessas apps.
O caso mais recente ocorreu no bairro de Sacomã, onde um jovem de 24 anos foi abordado por dois homens numa mota que roubaram o seu telemóvel e o assassinaram a tiro. Câmeras de segurança registaram o momento do crime, que está a ser investigado pela polícia como homicídio decorrente de roubo. As autoridades, no entanto, ainda não forneceram detalhes adicionais sobre o caso ou sobre a possível detenção de suspeitos.
Além dos homicídios, dezenas de outras vítimas queer relataram assaltos à mão armada após serem enganadas por perfis falsos em dating apps. As autoridades de São Paulo confirmaram que estão a investigar estes crimes, mas a comunidade LGBT+ continua preocupada com a falta de ações mais robustas para proteger os utilizadores dessas plataformas.
A homofobia silencia estes crimes
A homofobia estrutural é apontada por especialistas como um dos fatores que torna a comunidade LGBT+ um alvo fácil para criminosos, que exploram o medo das vítimas de denunciar os crimes às autoridades.
“Os criminosos sabem que as suas vítimas não vão à polícia“, disse Aurelio Nunes, pai de uma das vítimas. “Às vezes, elas nem contam à família por vergonha.”
Este ambiente de insegurança é exacerbado pela relutância de algumas autoridades em classificar esses crimes como motivados por homofobia, optando por categorizações mais amplas como roubo ou agressão.
Vanessa Vieira, uma defensora pública que atende a comunidade LGBT no estado de São Paulo, disse que viu “grande resistência para categorizar crimes como homofobia de juízes e policias“.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, foram registados 214 assassinatos motivados por homofobia e transfobia no Brasil, um aumento significativo em relação ao ano anterior. A crescente série de crimes em São Paulo sublinha a necessidade de maior proteção e reconhecimento da vulnerabilidade da comunidade LGBT+ em situações como estas.
As empresas responsáveis pelas dating apps envolvidas afirmam que estão a tomar medidas para melhorar a segurança dos utilizadores, mas a eficácia dessas ações continua a ser questionada pela comunidade afetada.

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