Josh O’Connor está “dividido” sobre atores heterossexuais representarem personagens gay

Josh O'Connor está "dividido" sobre atores heterossexuais representarem personagens gay

Numa entrevista à Vanity Fair, Josh O’Connor partilhou a sua posição sobre um tema que tem dividido opiniões em Hollywood: a autenticidade no casting de papéis LGBTQ+. Com uma carreira de destaque em filmes como The CrownChallengers e God’s Own Country, o ator britânico tem sido aclamado pelo seu talento em retratar personagens complexas.

Josh O’Connor, que interpretou um personagem gay em God’s Own Country e prepara-se para dar vida a uma nova história queer no drama histórico The History of Sound, revelou estar dividido quanto à sua participação em papéis que representam pessoas LGBTQ+. O ator explicou que, para ele, o que o atrai num papel é a profundidade emocional e a humanidade da personagem, mais do que a sua orientação sexual.

“A verdade é que, no fim de contas, eu leio um guião e o que me impacta, impacta-me. The History of Soundé um filme sobre muitas coisas. Por exemplo, é sobre luto, sobre companheirismo, sobre música e sobre o que acontece na vida quando te apaixonas por alguém e, talvez, essa ligação seja interrompida,” refletiu o ator.

Para O’Connor, as dimensões humanas de uma personagem – como a sua relação com o amor, a família e o meio onde cresceu – são o que realmente moldam o seu trabalho.

“A outra personagem de God’s Own Country era alguém incapaz de amar, de ser amado e de receber amor. O background da personagem, onde ela cresceu, a sua dinâmica com a família – estes são aspetos de qualquer personagem, e levo-os tão a sério quanto levaria qualquer outro aspeto,” explicou O’Connor.

Contudo, o ator admitiu que não tem uma opinião completamente formada sobre o casting autêntico de personagens LGBTQ+. Josh O’Connor revela uma dualidade entre o compromisso com o seu ofício e a crescente procura por representatividade e autenticidade.

Também Tom Hanks refletiu sobre o seu papel de um homem gay no filme Filadélfia

Esta posição de O’Connor vai ao encontro de declarações feitas por Tom Hanks em 2022, que também refletiu sobre o papel que desempenhou em Filadélfia (1993), no qual interpretou o advogado gay Andrew Beckett. Hanks, que venceu o Óscar de Melhor Ator pelo seu desempenho, reconheceu que, atualmente, a abordagem ao casting mudou, e com razão. “Estamos além disso agora”, declarou Hanks, ao explicar que, hoje, o público não aceitaria tão facilmente a ausência de autenticidade que um ator heterossexual poderia trazer a um papel gay.

Hanks sublinhou ainda que a aceitação do público em 1993 teve muito a ver com a sua própria imagem e identidade: “Uma das razões pelas quais as pessoas não tinham medo desse filme é que eu estava a interpretar um homem gay.” Para Hanks, o avanço social exige agora mais autenticidade nos papéis, pois o público espera que a vivência LGBTQ+ seja interpretada com uma ligação real à experiência da comunidade.

Estas reflexões de O’Connor e Hanks trazem à tona um debate que continua a dividir Hollywood. Se, por um lado, há quem defenda que a arte deve transcender fronteiras e dar a qualquer ator ou atriz a possibilidade de explorar personagens fora da sua experiência, por outro, existe uma chamada de atenção para a responsabilidade e o respeito pela representatividade autêntica. A questão que fica é: até onde deve ir essa procura pela autenticidade no casting, e como equilibrar a liberdade criativa com a responsabilidade cultural?



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