
A recente detenção de Zhanar Sekerbayeva, ativista feminista e lésbica, é mais um exemplo da repressão sistemática enfrentada por defensoras dos direitos humanos no Cazaquistão. Co-fundadora da associação Feminita e membra da direção da EuroCentralAsian Lesbian* Community (EL*C), Zhanar foi condenada a 10 dias de detenção administrativa numa tentativa de silenciar o seu ativismo antes do Dia Internacional das Mulheres.
Um ativismo inabalável contra a violência de género
A repressão contra Zhanar intensificou-se após a sua participação num protesto pacífico em maio de 2024. A manifestação exigia prisão perpétua para Kuandyk Bishimbayev, ex-ministro condenado pelo assassinato da sua esposa, Saltanat Nukenova. O caso chocou o país e fortaleceu a luta feminista contra a impunidade dos crimes de género. O governo, no entanto, respondeu não com medidas de justiça, mas com repressão a ativistas que denunciam a violência.
Zhanar foi presa sem qualquer justificação formal, enquanto treinava no ginásio. Posteriormente, foi condenada por alegadas violações das regras de assembleias públicas. A sua detenção é, segundo a EL*C, claramente política, visando impedir a sua participação em manifestações feministas antes do 8 de março.
Além disso, durante o julgamento, foram feitas referências explícitas às suas ligações ao ativismo LGBTI+, apesar do protesto onde foi detida não estar relacionado com esta causa. Isso demonstra como a LGBTfobia institucional no Cazaquistão é utilizada como arma para descredibilizar e perseguir ativistas feministas e queer. A organização Feminita tem sido sistematicamente impedida de obter o reconhecimento legal e as suas integrantes enfrentam assédio, multas e criminalização.
A repressão estatal contra os direitos humanos
A perseguição de Zhanar Sekerbayeva insere-se num padrão mais amplo de repressão contra ativistas feministas e LGBTI+ na região. O governo cazaque tem adotado estratégias autoritárias para silenciar vozes dissidentes, restringindo liberdades fundamentais de expressão e reunião pacífica. A criminalização do ativismo feminista revela não apenas misoginia estrutural, mas também um receio do impacto crescente destes movimentos na sociedade.
Solidariedade internacional e apelo à ação
A EL*C e outras organizações de direitos humanos apelam à sua libertação imediata e ao fim da repressão contra feministas e ativistas LGBTI+. É essencial que a comunidade internacional se mobilize, pressionando o governo do Cazaquistão a garantir os direitos fundamentais de todas as pessoas.
A luta de Zhanar é a luta de todas as pessoas que defendem a justiça e a igualdade. Criminalizar quem exige o fim da violência de género apenas expõe o verdadeiro rosto de um sistema que teme a mudança. Mas a resistência continua e a solidariedade global será sempre mais forte do que qualquer tentativa de silenciamento.

Deixa uma resposta