Hungria: Orbán não vai “tolerar” Marcha do Orgulho LGBTQ+ em espaços públicos para “proteção das crianças”

Hungria: Governo de Orbán não vai "tolerar" Marcha do Orgulho LGBTQ+ em espaços públicos
Ativistas em frente ao parlamento da Hungria em protesto contra leis discriminatórias LGBTQ+ (2021)

O governo húngaro anunciou a proibição da Marcha do Orgulho LGBTQ+ de passar pelo centro de Budapeste este ano, alegando questões de “proteção infantil“. Esta decisão marca um grande retrocesso nos direitos LGBTQ+ e na liberdade de expressão na Hungria.

O chefe de gabinete de Viktor Orbán, Gergely Gulyás, declarou que a marcha não será tolerada no centro de Budapeste. Em vez disso, sugeriu, ironicamente, que o evento se realize num “espaço fechado“. Esta medida foi justificada com a necessidade de proteger as crianças, uma alegação que tem sido amplamente criticada por ativistas e organizações de direitos humanos.

A Budapest Pride, organização responsável pelo evento, classificou as medidas do governo como “teatro político” e garantiu que o protesto vai acontecer. A organização destacou que a marcha é uma manifestação importante para a comunidade LGBTQ+ e para toda a população húngara que deseje expressar as suas opiniões e defender os seus direitos.

Críticas internacionais à postura de Orbán contra a comunidade LGBTQ+

A decisão do governo húngaro foi amplamente criticada pela comunidade internacional. Neela Ghoshal, diretora sénior da organização LGBTQ+ Outright International, afirmou que “a ideia de forçar o evento a ficar num espaço fechado ridiculariza o próprio conceito de orgulho LGBTQ+“.

Sobre a alegada preocupação com a segurança de crianças e jovens, Ghoshal relembrou que “existem crianças queer, trans e intersexo – e elas enfrentam violência extrema e discriminação. Se Orbán está realmente a agir em nome das crianças da Hungria, não pode escolher quais proteger.”

A Marcha do Orgulho LGBTQ+ de Budapeste vai acontecer garante organização

A Hungria, membro da União Europeia desde 2004, já tem um histórico de medidas restritivas contra a comunidade LGBTQ+. Em 2021, o governo aprovou uma lei que proibia a divulgação a menores de 18 anos de conteúdos relacionados com homossexualidade ou identidade de género. Esta lei foi criticada pela União Europeia e levou a um processo contra a Hungria no Tribunal de Justiça da UE.

Se a lei sobre ajuntamentos for adulterada de alguma forma, será uma admissão de que a Hungria não é mais uma democracia“, disse Zita Hrubi, porta-voz do Budapest Pride.

Os preparativos já estão a acontecer e este ano o evento “é mais importante do que nunca”, informou Hrubi. “Houve Orgulho, há Orgulho e haverá Orgulho“, rematou.



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Respostas de 9 a “Hungria: Orbán não vai “tolerar” Marcha do Orgulho LGBTQ+ em espaços públicos para “proteção das crianças””

  1. […] O protesto teve lugar no passado sábado, 12 de abril, e transformou as ruas da capital num “Orgulho Cinzento” – uma paródia política com um alerta real. Organizado pelo partido satírico Two-tailed Dog Party (MKKP), o protesto surgiu como resposta a uma nova proposta de lei que quer proibir a Marcha do Orgulho, sob o pretexto de “proteção das crianças”. […]

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  2. […] Também Bella Ramsey disse na altura numa entrevista: “A narrativa queer faz parte da história. Habituem-se.” E tem razão. Especialmente hoje, quando vemos retrocessos nas políticas de diversidade, com universidades pressionadas a cancelar programas de inclusão, ou governos que ameaçam abertamente os direitos humanos das pessoas LGBTQ+. […]

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  3. […] autorizar o uso de tecnologia de reconhecimento facial em marchas do Orgulho LGBTQ+. Esta medida, adotada em março, levanta sérias preocupações sobre violações dos direitos […]

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  4. […] Hungria baniu eventos LGBTI+ e apagou proteções sobre identidade de […]

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  5. […] A proibição da Marcha do Orgulho LGBTI+ marcada para 28 de junho em Budapeste gerou uma forte resposta por parte de vinte países da União Europeia. Esta terça-feira, Alemanha, Portugal, França, Países Baixos e outros Estados-membros instaram a Comissão Europeia a agir perante mais um passo autoritário do governo húngaro, liderado por Viktor Orbán. […]

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  6. […] que a cidade vai organizar a Marcha do Orgulho LGBTQ+ como um evento municipal. Esta decisão, que contorna a nova lei nacional que permite à polícia proibir estes eventos, representa um sinal poderoso de resistência e […]

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  7. […] do Brasil. Em vários países — incluindo Estados Unidos da América, Polónia e Hungria — observam-se políticas e decisões que enfraquecem a proteção de pessoas LGBTQIA+. Em Portugal, embora a legislação avance na promoção da igualdade, também se têm registado […]

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  8. […] A lei em causa foi aprovada em março e limita reuniões públicas que incluam “divergência da autoidentidade correspondente ao sexo à nascença, mudança de sexo ou homossexualidade” quando exista “exposição a crianças”. Esta legislação serviu de base para o governo banir o Pride. Para muitas pessoas críticas do governo, porém, a proibição serviu sobretudo como arma política antes das eleições de 2026. […]

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