
Estreou esta semana em Portugal o documentário As Lições da Peaches, um retrato íntimo e politicamente consciente de Merrill Nisker, a artista canadiana que o mundo conhece como Peaches. O filme pode ser visto em Lisboa, Setúbal, Leiria e Santarém na sua semana de estreia.
Longe de ser um simples filme de digressão ou uma biografia convencional, o trabalho realizado por Philipp Fussenegger e Judy Landkammer constrói uma narrativa viva, onde passado, presente e futuro coexistem num mesmo fluxo criativo.
Peaches desafia estereótipos de género, estruturas patriarcais e moralismos sexuais há mais de duas décadas
O documentário, que passou em 2024 no Festival Queer Lisboa, apresenta material de arquivo privado e imagens da The Teaches of Peaches Anniversary Tour. O filme acompanha assim o processo artístico de uma criadora que, há mais de duas décadas, desafia estereótipos de género, estruturas patriarcais e moralismos sexuais. A música, o corpo e a performance surgem através de Peaches sempre como território político, sem separações artificiais.
O percurso da artista é apresentado como um exemplo de feminismo sexualmente positivo, frontal e sem concessões. O desejo, o prazer e a autonomia são reivindicados como formas de resistência, num discurso que nunca procurou agradar ao mainstream nem suavizar a sua linguagem. Essa coerência é um dos eixos centrais do filme, que mostra uma artista consciente do impacto cultural do seu trabalho e da importância de manter uma postura política clara.
Peaches afirma-se como ícone queer não por rótulo, mas por prática
A dimensão LGBTQIA+ surge de forma orgânica e inseparável do restante percurso. Peaches afirma-se como ícone queer não por rótulo, mas por prática constante, celebrando a fluidez de género, os corpos dissidentes e a liberdade identitária através da performance e da provocação. O documentário evidencia como essa postura abriu caminho a muitas pessoas que encontraram, na sua obra, um espaço de reconhecimento e possibilidade.
Para além do palco, o filme revela os bastidores da criação, os ensaios intensos e a vulnerabilidade que acompanha o tempo e o corpo. Há cansaço e dúvida, mas também persistência e afirmação.
Num contexto de crescente ataque à visibilidade e aos direitos das pessoas LGBTQIA+, As Lições da Peaches assume uma relevância particular. Não se limita a celebrar uma carreira, mas afirma a necessidade de continuar a ocupar espaço, a confrontar normas e a recusar domesticações. Nem qualquer pedido de desculpas por ser quem é.
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