LGBT+ Music Festival, afinal o que vai acontecer?

LGBT+ Music Festival, afinal o que vai acontecer?

Foi anunciado com pompa e circunstância, mas a verdade é que a menos de um mês do LGBT+ Music Festival as coisas não podiam estar mais turvas.

Ainda previsto para os dias 1, 2 e 3 de julho no Porto, o festival anunciou desde cedo nomes como Melanie C, Iggy Azalea, Peaches, Blaya, Todrick Hall, Little Boots, Jodie Harsh, Bimini, Eliza Legzdina, Sammy Jo ou The Illustrious Blacks. Prometeu igualmente juntar 35 mil pessoas nos 3 dias espalhadas diante dos quatro palcos juntos à margem do rio Douro.

Com parcerias anunciadas como a TAP, MTV e inúmeras figuras influencers, os bilhetes foram colocados à venda em fevereiro por lotes, num esquema que pretende dar a ideia de que esgotam em pouco tempo, quando na realidade há vários lotes de bilhetes que vão – e foram – colocados à venda ao longo do tempo. Sempre com a manchete de que os bilhetes estavam esgotados. Dias mais tarde, voltavam a vender nova tranche de bilhetes devido à “enorme procura”. A ilusão da necessidade é assim criada, mas, dado o desenrolar agora conhecido, é de questionar quantos bilhetes foram efetivamente vendidos dos 35 mil pretendidos pela organização.

Acontece que no passado dia 1, em plena entrada no Mês do Orgulho e várias semanas depois de silêncio nas suas redes sociais, o LGBT+ Music Festival anunciou que, devido a contra-tempos internos, teria de alterar o formato do festival. E pouco mais anunciou, remetendo mais informação para novo comunicado a ser lançado no final dessa semana que não chegou a acontecer até à data da publicação deste texto. O site do festival também foi encerrado, apresentando apenas uma página com o comunicado.

Tanto a organização, como pessoas que estiveram ligadas a ela e dela se desvincularam entretanto, apagaram das suas redes sociais qualquer ligação ao LGBT+ Music Festival. E até há artistas com datas de espectáculos incompatíveis, nomeadamente Gloria Groove, uma das cabeças de cartaz do festival, que estaria prevista para dia 2 de julho quando, na realidade, tem um concerto nesse mesmo dia às 22h no Coliseu de Lisboa.

Um festival que começou com o pé esquerdo

Outro ponto dúbio são as parcerias inicialmente avançadas, como a própria Câmara Municipal do Porto, ou as associações Plano i e ILGA Portugal.

No caso da Câmara do Porto, foi-lhe solicitada, no final de 2021, a “cedência do parque de estacionamento da Alfândega – como é habitual noutro tipo de eventos”, mas que os “promotores não concluíram o pedido, pelo que o mesmo ficou suspenso”. Esta foi, garante Alberto Gouveia Santos, diretor executivo da Alfândega, a única vez que foi contactada pela organização.

Já as associações, que fariam parte da responsabilidade comunitária proposta pelo próprio festival, viram os seus nomes associados ao mesmo e retirados dias mais tarde. Paula Allen, vice-presidente da Plano i, mostrou-se surpreendida pela inclusão do logótipo da associação na lista de parcerias. “Nem sequer lhe demos acesso ao logótipo”, disse, sendo que apenas teria ficado combinado a presença de um stand da associação no recinto do festival.

Apesar das garantias vagas de que o festival vai acontecer, muitas pessoas que compraram os bilhetes e prepararam viagens para os 3 dias do festival têm-se mostrado indignadas com o tratamento que lhes foi dado e com as mudanças de planos (sejam eles quais forem) tão em cima da data de estreia. Muitas pessoas apelidaram este como sendo o novo “Fyre Festival“, onde as expectativas saíram completamente furadas num evento especialmente dispendioso.

Ainda à espera de informação sobre processos de trocas e devoluções, a organização poderá ser contactada pelo email hello@lgbtmusicfestival.com. Iremos atualizar a notícia quando houver algo concreto anunciado pela organização.

Atualização 05 de junho

Ao fim da noite, a equipa do LGBT+ Festival atualizou nova publicação em que, apesar de pouco responder, nos comentários deixou escapar alguma informação, nomeadamente:

  • Novo formato a anunciar;
  • Novo local a anunciar;
  • Datas mantêm-se (1, 2, e 3 de julho)
  • Serão disponibilizados em breve links de reembolso total e parcial dos bilhetes comprados;
  • Reembolsos incluirão packs com estadias;
  • Todrick Hall, um dos primeiros nomes anunciados, não vai atuar;
  • Iggy Azalea, um dos primeiros nomes anunciados, não vai atuar;
  • Jodie Harsh, um dos primeiros nomes anunciados, não vai atuar;
  • Melanie C, um dos primeiros nomes anunciados, não vai atuar;
  • Bimini, um dos primeiros nomes anunciados, não vai atuar;
  • Gloria Groove, um dos primeiros nomes anunciados, não vai atuar;
  • Bebe Rexha não vai atuar;
  • Ludmilla não vai atuar;
  • Bilhetes serão mais baratos que os anunciados inicialmente;

Atualização 20 de junho

O LGBT+ Music Festival foi cancelado. Os bilhetes serão reembolsados.

Deixa uma resposta