O Dia dos Namorados, seja qual for o valor que se lhe queira adjudicar, pertence a todos e a qualquer um. Assim acreditam as grandes empresas como a Adidas, que, tal como a TAP, fez questão de o assinalar repudiando comentários negativos.
O amor que recebes é equivalente ao amor que dás.
Foi com esta frase, juntamente com uma fotografia das pernas de duas mulheres, que a marca Adidas decidiu assinalar o Dia dos Namorados no passado Domingo.
A fotografia tem agora mais de 160 mil gostos e mais de 66 mil comentários, alguns deles, no entanto, absolutamente homofóbicos: “Que vergonha Adidas, vou passar a ir à Nike“. A resposta da marca deixou clara a posição da empresa em relação ao assunto: o emoji de um ‘adeus’ e o emoji de um ‘beijo’, simbolizando algo como “Adeus, até sempre!”. Ou seja, basicamente, a Adidas “mandou passear” – e bem – os homofóbicos.
A outro utilizador que escreveu ser um dia para “rapaz e rapariga”, a resposta foi mais uma vez certeira: “Não, este é um dia para o amor. Feliz Dia dos Namorados“.
A marca alemã não é estranha à aliança e defesa dos direitos das pessoas LGBT, tendo na semana passada anunciado em Londres, através de Robin Stalker, o CFO da empresa, que adicionou uma cláusula aos seus contratos com os atletas que patrocina:
A Adidas reconhece e adere aos princípios da diversidade, dado que estes são uma parte central da filosofia do grupo. Assim a Adidas reitera que este acordo [contrato com os seus atletas] não será nem terminado nem modificado no caso de o atleta assumir-se publicamente como LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros).
Embora no Reino Unido seja ilegal despedir alguém por causa da sua orientação ou identidade de género, este não é o caso em dezenas de países em que Adidas patrocina atletas – incluindo certos estados dos EUA. A perspectiva de perder patrocínios também tem sido desde há muito considerado como um factor-chave para manter os atletas no armário.
A Adidas é um dos principais patrocinadores de atletas de alto nível em todo o mundo, incluindo centenas de parcerias com indivíduos e equipas em inúmeros desportos como futebol, rugby e ténis. A companhia foi igualmente um dos patrocinadores da conferência em Londres, intitulada “Team Pride: Levelling the LGBT Playing Field“.
Stalker fez o anúncio momentos antes de receber um painel de discussão com três atletas que tinham assumido publicamente a sua orientação sexual: o jogador de rugby Keegan Hirst, a pugilista Nicola Adams e a futebolista Casey Stoney.
Que este seja um passo que influencie todas as restantes marcar de desporto. Com a aproximação dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro este ano e com a visibilidade mundial que estes recebem, é uma excelente oportunidade para mostrarmos a nossa posição em relação à homofobia no desporto. E que esta apenas tem um caminho: a desqualificação!
Fontes: Notícias ao Minuto, Chueca e Buzzfeed.
Nota: Obrigado ao Luciano e ao Ricardo pela partilha 🙂
Pena insistirem só na designação “Dia dos Namorados”. Por maior esforço que se faça não inclui ninguém num casal de duas mulheres. Impossível. É incrível como neste dia nunca se lê, em lado algum, a palavra namorada ou namoradas. Parece uma insignificância mas é tudo.
Nesse campo a expressão inglesa é efectivamente mais universal que a nossa. Que venham os próximos dias de São Valentim, com namorados e namoradas 😊
No ano passado escrevi assim: http://escrevergay.com/2015/02/14/texto-hoje-nao-e-dia-dos-namorados/
Obrigado pelas palavras!