Tyler Posey e o Síndrome do Aliado LGBT

Muitos podem nem conhecer o nome de Tyler Posey, mas se calhar reconhecem a carinha laroca do hearthrob americano enquanto protagonista da série Teen Wolf da MTV. Há poucos dias, se calhar já meio embriagado, fez um post no Snapchat a revelar a sua real identidade e que nunca se tinha sentido tão vivo… “sou gay“.

Só que não. Tudo não passou de uma piada feita na Gay Street em Nova Iorque, mais propriamente na histórica West Village, a pouco metros do Stonewall Inn e da Christopher Street. O actor, imediatamente colocado sob o escrutínio nas redes sociais, pediu imediatamente desculpas e que nunca tinha sido mais que um aliado da comunidade LGBT. E tal é mesmo verdade. Quando Chris Carver e Colton Haynes, dois colegas seus da série Teen Wolf saíram do armário, logo os apoiou e ficou feliz pela decisão de viverem a sua verdadeira identidade.

Torna-se ainda mais estranha esta atitude de descredibilizar um momento tão importante de qualquer pessoa LGBT que é o “coming out“. Delírio juvenil espalhado numa rede social? A verdade é que todos já fizemos graças com o que não era engraçado e ficaríamos horrorizados se viessem a público. Mas nem todos decidimos tornar essas piadolas públicas, especialmente numa posição de visibilidade e responsabilidade aumentadas. Aí não há desculpas que possam rectificar o mal feito, por muito pouco mal intencionado que fosse.

Será no entanto que a culpa decai unicamente do outro lado? Muitas vezes esse momento de “coming out” é, estranhamente, ainda um pouco escondido. Pior que isso, chegamos a descartá-lo como se nada de especial fosse. Nós e depois os outros. Isto quando ainda muita gente, longe ou aqui mesmo ao lado, tem um medo mortal de o fazer e não teve a mesma sorte que muitos de nós, que agora vivemos sem (grandes) entraves à liberdade. Não podemos nunca menorizar a grandiosidade de um acto de pura coragem nem a bravura das pessoas que o fazem. Muito menos indagar sobre a verdadeira motivação por detrás do mesmo.

E também NUNCA desvirtuar o apoio dos aliados das pessoas LGBT. Já vezes demais vi pessoas gay afirmarem que aliados, aqueles que apesar de marcharem ao nosso lado festejar connosco as nossas vitórias, não têm a mesma relevância moral no activismo. Mais, temos a responsabilidade suprema de não só celebrá-los mas também educá-los, sem pudor nem altivez, para eles saberem que estes momentos não devem ser jamais um motivo de paródia.

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