A Marcha de Orgulho LGBT em Berlim honra, como quase todas as outras, a série de motins com início no bar Stonewall Inn, na Christopher Street em Nova Iorque, na madrugada de 28 de Junho de 1969. Daí retira o seu nome (Christopher Street Day), sendo organizada pela associação Berliner CSD e.V., que, com a ajuda de outras associações, planeia e executa:
- a pride week – um conjunto muito diverso de atividades durante uma semana inteira (alguns exemplos: a dyke march, para mulheres queer; visita nocturna ao jardim zoológico; ciclos de cinema e festivais de música; serviços religiosos inclusivos e atribuição dos prémios Soul of Stonewall Awards);
- a marcha já referida;
- 3 festas oficiais (com uma especificamente dirigida a mulheres lésbicas).
A 1.ª edição da marcha ocorreu na antiga República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) a 30 de Junho de 1979 com 450 participantes. Esta edição contou, pelo contrário, com 48 outras associações e 58 veículos, esperando-se 750.000 participantes.
A marcha divide-se em dois momentos: a marcha propriamente dita, o CSD Demo, e uma celebração às portas do portão de Brandemburgo, o CSD Finale.
O CSD Demo estende-se desde Kurfürstendamm, passando por Wittenbergplatz, Nollendorfplatz, Lützowplatz e Siegessäule até Brandenburger Tor (portão de Brandemburgo), num percurso de, aproximadamente, 2 horas – em teoria, dado o atraso superior a 90 minutos à chegada.
O CSD Finale ocorre em frente ao ícone da cidade (o portão já referido) das 14h às 24h com música ao vivo, actividades ao ar livre e comida.
O mote deste ano foi “Mehr von uns – jede Stimme gegen Rechts“, ou, numa tradução livre, “Mais de nós – cada voto contra a Direita”. As exigências apresentadas foram, essencialmente (adaptado):
- igualdade de direitos para as famílias arco-íris, inclusive aquelas com mais de dois pais/duas mães/uma mãe e um pai/duas pessoas adultas;
- cuidados de saúde para pessoas LGBT, incluindo acesso com preços justos à PREP (profilaxia pré-exposição);
- maior aceitação de pessoas LGBT através de educação compreensiva nas escolas e debates abertos;
- discussão em sociedade dos vários privilégios e formas de discriminação, também na própria comunidade LGBT;
- maior aceitação da diversidade, bem como igualdade plena para pessoas LGBT ao nível institucional;
- inclusão, no número 3 do artigo 3.º da Lei Fundamental da Alemanha, de “orientação sexual”, “identidade de género” e “variação corporal” como critérios não passíveis de discriminação; – semelhante ao artigo 13.º da nossa Constituição
- preservação e promoção de projectos para pessoas LGBT idosas;
- formação qualificada em direitos e temas LGBT para pessoas empregadas no Departamento Federal de Migração e Refugiados, bem como a promoção internacional da política federal alemã.
Infelizmente, o tempo não colaborou com a marcha – a definição de Verão em Berlim é muito lata – e, com a chuva, não foi possível tirar muitas fotografias, especialmente com qualidade (ver abaixo). Felizmente, há um site com as fotografias oficiais do evento, tiradas por Heinrich v. Schimmer, cujo uso é livre, mediante atribuição ao autor e link da fonte.
(clicar nas fotos para ver melhor)
Pessoalmente, foi um evento único, extremamente plural e com um espírito de liberdade e união indescritíveis, num clima de celebração pela muito esperada aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da adopção de crianças enquanto casais. Danke schön Berliner CSD e.V.!
Nota: Todas as fotografias foram tiradas pelo autor do texto.