
O Brasil elegeu as primeiras candidatas trans nas eleições deste domingo para representar os respetivos Estados em Brasília a partir de 2023. Candidatas trans foram eleitas e irão ocupar, inclusive, lugares inéditos até então, como a esfera federal no Congresso.
Numas eleições especialmente importantes para o panorama político brasileiro e internacional, a representação fez-se sentir naquela que acabou com Lula da Silva a ser o candidato mais votado e forçando Jair Bolsonaro a ir a uma segunda volta a 30 de outubro.
As candidatas eleitas trans nas eleições de 2022 no Brasil
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) celebrou o espaço conquistado na política pelas seguintes mulheres:
Erika Hilton (PSOL)
Erika Hilton, de 26 anos, entrou na política em 2018 e celebrou bastante nas redes sociais a sua eleição como primeira trans a ocupar um cargo como deputada federal por São Paulo. Ela ainda recebeu apoio de famosas como Pabllo Vittar, Sabrina Sato e Bianca Andrade. Em 2020, ela havia sido a mulher mais votada de SP.
Duda Salabert (PDT)
Duda, com 41 anos, também se lançou na política em 2018 e foi igualmente a primeira política trans eleita como deputada federal, mas eleita em Minas Gerais. Em 2020, ela decidiu apostar numa vaga para a Câmara dos Vereadores da capital mineira. A professora não apenas foi eleita a primeira parlamentar trans belo-horizontina, como tornou-se na altura a vereadora mais votada da cidade.
Linda Brasil (PSOL)
Linda Brasil foi eleita deputada estadual em Sergipe com mais de 28 mil votos. Ela comemorou: “Estou muito emocionada por todo apoio e carinho de vocês! Vai ter Mulher Trans na Alese! Vamos juntos TransFormar a política sergipana!“.
Dani Balbi (PCdoB)
Como primeira professora trans da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Dani foi eleita deputada estadual no Rio de Janeiro com mais de 65 mil votos.
Carolina Iara (PSOL)
Carolina foi eleita co-deputada estadual em São Paulo pela Bancada Feminista, que recebeu mais de 250 mil votos. Nas redes sociais, Iara celebrou: “Fui eleita a primeira CoDeputada Estadual intersexo das Américas. E sou a travesti vivendo com VIH eleita pra ALESP“.
Um resultado “histórico e emocionante”
A ANTRA explicou ainda que Robeyoncé Lima pode ter sido prejudicada pela coligação, onde REDE/PSOL tinham apenas uma vaga em Pernambuco. Portanto, a Associação irá continuar a acompanhar nos próximos dias para ver se haverá alguma mudança ou a confirmação da eleição da candidata para a vaga, que ainda não está confirmada.
A ANTRA afirmou que o Brasil sairá assim de um quadro onde não havia representação trans na Câmara Federal para “duas extremamente qualificadas e poderosas“. Este é um número que considera “ainda baixo, mas extremamente representativo e potente“. Mantiveram-se ainda três eleitas para as assembleias legislativas dos estados, tal como em 2018. Este “é um resultado promissor e que nos faz seguir em frente, na defesa da democracia, dos direitos humanos e do estado laico, atentas ao lugar que historicamente travestis ocupam em nossa sociedade“, rematou.
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