
A repressão digital na Rússia atingiu um novo patamar. Desde esta segunda-feira, pesquisar termos como “LGBT” ou “Navalny” na Internet passou a ser considerado crime. A lei, aprovada em julho e agora em vigor, classifica como “extremista” todo o tipo de conteúdos que o Estado assim decida — desde organizações ambientais como a Greenpeace até plataformas como o Facebook e Instagram. Alexei Navalny, foi um opositor político que morreu durante a sua prisão em 2024.
A novidade está no alvo: não apenas quem cria ou partilha informação, mas também quem a consome. As multas variam entre os 30 e os 50 euros, mas o alcance desta medida vai muito além do valor monetário. Com uma definição vaga de “extremismo”, as autoridades ficam livres para usar a lei de forma arbitrária e reforçar a vigilância social.
Comunidade LGBT russa na mira do regime de Putin
Entre as comunidades mais visadas está a LGBT, que há vários anos é alvo de perseguições sistemáticas no país. Depois da chamada lei contra a “propaganda gay” — que proíbe qualquer menção pública positiva da diversidade sexual e de género — a criminalização da mera pesquisa online sobre temas LGBT aprofunda o isolamento da comunidade.
A nova legislação impede o acesso a informações de apoio, redes de segurança e até cuidados básicos de saúde que circulam online. Para pessoas queer russas, especialmente jovens, esta proibição significa mais vulnerabilidade, mais medo e menos recursos.
A organização de direitos humanos OVD-Info lembra que já existem mais de 1.600 pessoas presas por motivos políticos na Rússia, muitas acusadas de “extremismo”. O risco é que este número cresça, atingindo agora também pessoas que procuram informação sobre as suas próprias identidades, direitos e a busca por comunidades.
Max: a alternativa de comunicação controlada pelo regime russo
O Estado russo lançou em simultâneo a aplicação “Max”, uma espécie de WhatsApp oficial, obrigatoriamente pré-instalada em todos os dispositivos vendidos no país. Com restrições crescentes ao WhatsApp e ao Telegram, a população fica empurrada para uma plataforma estatal que centraliza comunicação, serviços e pagamentos — um mecanismo que facilita ainda mais a sua vigilância.
Estas ações têm como objetivo sufocar qualquer dissidência e apagar da esfera pública as vozes que desafiam a narrativa oficial. Para a comunidade LGBT, já marcada por discriminação e violência institucional, estas medidas significam também uma tentativa de erradicação da sua existência do espaço digital.
O desafio agora é garantir o apoio internacional e criar redes de solidariedade que atravessem fronteiras digitais e físicas, mantendo viva a resistência contra o autoritarismo, não confundido regimes com as pessoas que deles são vítimas.
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