A família. Há-as numerosas, há-as eufóricas, há-as para todos os gostos e feitios. A nossa família é um pilar que dificilmente poderá ser substituído e ela tem o poder de nos erguer mas também de nos derrubar. É essa a responsabilidade simbiótica entre nós e ela que todos devemos entender. Podemos ser mais, ou menos, com, ou sem, a família.
Quando uma família se depara com um elemento homossexual, seja ele um filho, uma tia, até um amigo próximo que passou a ser acolhido como tal, deverá respeitá-lo e apoiá-lo. A família deverá entender que, se alguém decidiu assumir-se perante eles como gay, este foi um passo de confiança e este não deverá ser posto em causa. O pilar não pode vacilar, pelo menos em demasia, aceito que de início possa haver alguma confusão mas esta não pode nunca ser transmitida como uma desilusão. É essa a responsabilidade primeira da família.
E há que falar, perguntar, mas não pense a família que tem o direito a todas as respostas, não pense ela que o pode sequer exigir quando o bem entender. O facto de alguém ser gay não dá o direito à família quebrar-lhe a privacidade. Há que respeitar, portanto, o seu espaço e o seu tempo. Há que saber fazer as questões certas, no momento certo, sem nunca pressionar o filho, a tia, o amigo, pois são eles que estão numa posição de vulnerabilidade, são eles que têm tudo a perder e são esses primeiros passos que poderão, sim, ter tudo a ganhar.
Por isso, não, não perguntem aos vossos rapazes se fazem o papel da mulher ou do homem porque isso, para além de não ter nexo, não é da vossa conta; por isso não, não perguntem às vossas filhas se foram as amizades delas que as levaram por esse caminho porque, se há caminho, esse foi tomado muito antes de elas terem consciência que o estavam a tomar. Perguntem, sim, se eles precisam de alguma coisa, se estão bem, se estão aliviados por terem finalmente partilhado com a família aquilo que são e sempre foram.
E beijem-os, abracem-os tal como qualquer outro dia porque é nesse gesto que irão ver claramente que nada mudou, eles sempre ali estiveram, assim mesmo como são. E se de início podem continuar a haver dúvidas estas serão menores quando o calor de abraço entre mãe e filho, entre pai e filha, irmão, irmã, tio, sobrinho – digam-me vocês quem é a vossa família! Larguemos os preconceitos que uma sociedade pode criar dentro de nós e foquemo-nos apenas no amor que sentimos uns pelos outros. Porque esse, garanto-vos, não mudou.