Paulo Rangel, eurodeputado do PSD, esteve no programa Alta Definição com Daniel Oliveira e disse, aos 53 anos, que nunca fez da sua orientação sexual um segredo. Não chegou a dizer “sou gay” ou “sou bissexual”, mas terá sido das primeiras saídas de armário de alguém com cargo político no PSD (depois de Jorge Nuno Sá em 2011).
Rangel falou sobre a família e a morte de do pai e mãe (esta última em 2019), sobre a infância feliz, os problemas de peso e os custos de enveredar numa carreira política. Aí referiu-se a campanhas contra a sua pessoa: “Ando a ser alvo de umas campanhas negras por causa da minha orientação sexual”, referindo-se à capa do tablóide renascido Tal & Qual.
“Vivi sempre discretamente. Não é nenhum segredo”, insistiu para explicar que, no entanto, não daria a entrevista até 2019 para proteger a mãe, católica, que sempre se mostrava preocupada com o custo que uma vida na política teria para o filho. “Temos de proteger a nossa família”, referiu e reiterou: “Fui muitas vezes discreto para proteger o meu núcleo familiar.”
Paulo Rangel falou depois sobre o difícil processo de aceitação da sua “condição”, expressão escolhida para se referir à orientação sexual. Revelou então que nem sempre soube qual era a sua orientação sexual, pois “tinha muitas dúvidas.” Viveu um processo de “descoberta gradual, alguma ignorância e recusa”, com mais anos a “não falar” do que a “falar” sobre o assunto, confessou. “Depois nasceu o ‘don’t ask don’t tell’ do Clinton [política de silêncio dentro de hierarquias militares e políticas] e eu cresci aí.”
Após a saída do armário, Rangel disse sentir-se “como estava antes“, porque não era para ele um problema, nem mesmo ao nível da conciliação com o cristianismo. E acrescentou que, na sua opinião, a “orientação sexual de um político” não é um problema na sociedade portuguesa. Deixou, no entanto, um desgosto: nunca ter chegado a conversar com a mãe sobre o assunto: “Essa conversa nunca existiu. Isso para mim era uma mágoa.”
Atualização 21 de outubro:
Paulo Rangel diz hoje, em entrevista à Visão, que desde 2010 defende o casamento igualitário e que, inclusive, é algo que não exclui: “eu próprio casar“.

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E no entanto, quando teve oportunidade de fazer algo pela comunidade votou contra. Agora, anos depois, quando sociedade está mais permissiva devido também às leis contra as quais ele votou, sai do armário dizendo que nunca se escondeu. É um hipócrita. Sempre o foi e continua.