A internet é uma enorme ferramenta, permitiu que as pessoas tenham acesso fácil à informação (se a usam de forma eficaz é já outro assunto), que haja pessoas a escrever, por mero exemplo, blogues que se focam na homossexualidade e tentam fazer crescer a palavra para que esta alcance quem precisa dela. E todos precisamos dela, mais cedo ou mais tarde, precisamos dela especialmente quando menos esperamos. E não nos julguemos nós donos da razão. Não coloco de parte a hipótese de vir a escrever ideias opostas às que hoje escrevo. É essa também a beleza da vida e o importante é escrever o que nos faz sentido num determinado momento das nossas vidas. E tentar aprender com o que se viveu também ajuda. E escutar, ler, aprender também. Nada de errado em admitir o erro desde que se evite cair novamente no mesmo.
E então hoje escrevo sobre os predadores. Não têm que ser aqueles predadores sexuais que vemos nos filmes. Também os há, é certo, mas piores são aqueles que não são, precisamente, como os dos filmes, são pessoas como nós de aspecto, são pessoas que se mostram interessadas em nós e é fácil cairmos-lhes no jogo.
Há quem tenha criado formas de evitar esse tipo de pessoas ao exigir tempo e distância a pessoas que conhecem pela primeira vez. Lembrem-se que, se a pessoa valer a pena, irá valê-lo também por igual dali a uma semana ou duas, a pressa por vezes cega-nos e deixa-nos cair em contos do vigário e quando damos conta estamos enrolados com pessoas que na realidade não gostam de nós nem nos respeitam ou valorizam, que apenas querem um pedaço de nós, que apenas querem entrar no jogo de sedução para aumentar a sua auto-estima destruindo-nos no processo.
Por isso há que ir com calma, podem conhecer pessoas por amigos, por troca de olhares, nas redes sociais, por sites de encontros. Seja a forma como entram em contacto com outra pessoa protejam-se um pouco de início, dêem-se a conhecer mas não se entreguem de imediato pois ficam vulneráveis a qualquer predador, por mais charmos@ que possa ser de início. Porque ele dir-nos-á tudo aquilo que nós queremos ouvir, tudo aquilo que nós precisamos ouvir. E então ficamos à sua mercê. E isso não é bom.
Por vezes a solidão, física ou não, atira-nos para um ciclo vicioso de recolha de contactos e experiências que na realidade nunca terão a hipótese de nos preencher, de nos dar aquilo que procuramos porque o ciclo não pára. E quando a novidade mais imediata se extingue ficamos sedentos de mais. E então seguimos para o próximo. E é precisamente neste ciclo que cegos ficamos e não nos damos conta dos abusos que sofremos pelo caminho. Damo-nos aos abusos como se os merecêssemos, como se fossem inevitáveis e estes fizessem parte da vida. Mas não, quase sempre somos nós que nos metemos a jeito e não estou a falar de uma calça mais apertada ou de uma saia mais levantada, longe disso, falo sim que muitas vezes saltamos passos demasiado cedo quando estamos no processo de conhecer outra pessoa. E isso, acredito, tem muito mais a ver connosco que com eles. Há que perder tempo com nós mesmos, investir no nosso bem-estar, mesmo que isso signifique um pouco de solidão no início, mas há que perceber o rumo que queremos tomar para depois efectivamente darmos o primeiro passo no caminho certo.
Dito tudo isto, e por mais cuidados que tenhamos, estamos sempre sujeitos em ser vítimas e, caso isso aconteça, deveremos procurar ajuda, seja na família, amigos próximos ou, em caso mais extremos, na polícia. De lembrar que o crime de violação passou a ser crime público e, portanto, a vítima não precisa de apresentar queixa para que o processo decorra.
Por isso, protejamo-nos, psicologica, física e sexualmente. Sempre.