Enquanto que por cá a doação de sangue por homens homo e bissexuais (ou “homens que têm sexo com homens”, ou ainda HSH) é mais uma vez adiada até 2016 – dado que as autoridades de saúde voltaram a falhar o prazo para a publicação dos novos critérios de triagem – o Governo Francês anunciou hoje que estes homens vão poder doar o seu sangue já a partir da próxima Primavera.
Disse a Ministra da Saúde Marisol Touraine (acima) que esta mudança será feita “por etapas“, tendo em conta “o respeito absoluto da segurança dos doentes“. E acrescentou:
Dar sangue é um acto de generosidade, de responsabilidade cívica e a orientação sexual do doador não pode ser uma condição. Enquanto respeitamos a segurança do paciente, hoje estamos a levantar um tabu.
A exclusão permanente em França dos doadores de sangue homo e bissexuais foi instituída nos anos 1980 devido aos riscos da Sida, numa altura em que ainda pouco se sabia da epidemia e a ideia – agora ultrapassada – de grupos de risco imperava. Hoje em dia, e desde meados dos anos 1990, são os comportamentos de risco que são considerados determinantes (apesar de em Portugal continuarmos, aparentemente, presos a ideias ultrapassadas e sem grande vontade política de mudança).
Fontes: Público e Observador.
Nota: Obrigado ao Luciano pela partilha da notícia 🙂
Actualização: foram entretanto conhecidas “as etapas” referidas anteriormente:
- Doações completas (células e plasma) apenas a homens que não tiveram contacto sexual com outros homens por um período de 12 meses. Ser-lhes-á pedido que preencham um inquérito previamente;
- Doações parciais (plasma) apenas a homens com parceiro fixo há mais de quatro meses ou que não tenham tido qualquer contacto sexual com outros homens nesse período de tempo. A doação será metida em quarentena por dois meses e meio.
Não entendemos, então, como as palavras da ministra da saúde francesa são espelhadas nestas medidas. Porque claramente quando ela diz que está a “levantar um tabu” está, na realidade, a levantar meio tabu e isso, parece-nos, é sustentar o primeiro.
Fonte: The Telegraph.