Estudo: A Discriminação Das Mulheres Queer Na Procura De Emprego

A procura de emprego é um processo já de si stressante, mas as mulheres LGBTQ enfrentam um obstáculo adicional, de acordo com uma novo estudo. As mulheres podem ser menos propensas a serem chamadas para uma entrevista de emprego se o seu currículo indicar que elas são LGBTQ.

Após o envio de 1.600 currículos para candidatar-se a mais de 800 postos de trabalho, o estudo descobriu que mulheres com um “indicador LGBTQ” no seu currículo (representado no estudo como experiência de trabalho num grupo de defesa LGBTQ) foram cerca de 30% menos prováveis de receber uma resposta do que mulheres que não tiveram esses indicadores.

A pesquisadora Emma Mishel, uma estudante de doutoramento em sociologia na Universidade de Nova Iorque, disse que o estudo lhe era próximo, sendo uma mulher queer com um currículo que reflete seu trabalho como uma defensora dos direitos LGBTQ.

Quando se vê a minha história de trabalho surgem muitas organizações LGBTQ, portanto é bastante óbvio que sou queer. E por isso sempre me questionei se isso é um problema quando me proponho a determinados postos de trabalho.

O estudo, intitulado “Discrimination Against Queer Women in the U.S. Workforce: A Resume Audit Study” e publicado na revista Socius, é o primeiro a tentar medir objectivamente a discriminação no emprego contra as mulheres LGBT nos Estados Unidos da América. Incluiu empregos para posições como administrativo e de secretariado ao longo de dois estados liberais (Nova Iorque e Washington DC) e dois estados conservadores (Tennessee e Virgínia). Para cada posição, Mishel usou currículos que listavam universidades classificadas de forma semelhante tal como histórias de trabalho similares, mas com uma posição diferente listada nas experiências de trabalho como estudante: um grupo de defesa LGBTQ ou um outro grupo não relacionado.

Esperava não encontrar qualquer evidência de discriminação por isso os resultados encontrados são muito chocante. Especialmente a discrepância de trinta por cento é bastante chocante para mim. Mas acho que não é tão surpreendente se tiver em conta a investigação do passado.

Mishel citou um estudo realizado em 2011 que descobriu que os homens gays são 40% menos propensos a ser chamado para uma entrevista do que os homens heterossexuais que têm qualificações semelhantes. Ela disse igualmente que é difícil saber quando as pessoas estão a ser discriminadas em casos individuais, pois ninguém vai dizer abertamente a um candidato que não foi chamado para ser entrevistado devido ao facto de serem LGBTQ.

Apesar dos estados mais progressistas terem leis anti-discriminatórias em vigor, o estudo de Mishel ainda encontrou taxas semelhantes de discriminação contra pessoas LGBT em Nova Iorque e Washington DC. Mas Mishel diz que ter uma legislação em vigor que protege as pessoas LGBTQ em situações de emprego ainda um é passo importante. Actualmente, não há legislação abrangente que protege especificamente pessoas homossexuais e transgénero de serem discriminadas na procura de emprego.

Em 2013, o Senado norte-americano aprovou uma lei que em teoria garantiria protecção contra a discriminação no emprego com base na orientação sexual ou identidade de género, mas foi esta acabou sendo bloqueada. No ano passado, a Lei da Igualdade foi introduzida no Congresso. Se for aprovada, irá fornecer protecções ainda mais amplas para americanos LGBTQ, cobrindo áreas como habitação e educação, além de emprego.

Mas o outro aspecto destes resultados, disse Mishel, é que muitos locais de trabalho nos Estados Unidos não têm formação de competência cultural ou grupos de recursos para os funcionários LGBTQ. Ambos ajudam a educar as pessoas sobre os direitos LGBT e poderiam ajudar a criar um melhor ambiente para os funcionários e as pessoas que se candidatam a empregos.

A pesquisa mostrou que os gerentes de contratação gostam de contratar pessoas semelhantes a si mesmos no papel. De modo que se houver um currículo que parece muito semelhante à sua história de emprego ou sua carreira eles estão mais propensos a gostar dessa pessoa e, finalmente, a contratá-la. Se virmos o problema desta forma, e se apenas 3,5% da população é LGBTQ, as probabilidades de encontrar um gerente de contratação que também é LGBTQ são muito baixas.

Fonte: Fusion.