*Excerto de “Running”, de Abi Ocia.
No 7.19 começamos por focar Abi Ocia, que começou a cantar aos 8 anos de idade, na igreja que frequentava com a sua família, antes de ter começado a aventurar-se em experiências com uma guitarra e um teclado do irmão e nas primeiras tentativas em escrever uma canção, que tomaram forma numa música de Natal escrita por volta dos 10 anos. Bastante tempo se passou desde então, mas Abi continua a experimentar com algumas sonoridades, embora entretanto estejam mais bem definidas dentro do campo R&B e soul com algumas influências eletrónicas, um género que tem vindo a afirmar-se mais visivelmente em tempos recentes. Abi Ocia é sem dúvida um acréscimo de valor a esse campo, com uma sonoridade onde a meticulosidade da produção deixa transparecer a voz melodiosa.
Abi considera que as suas principais influências não se materializam em outros artistas, mas derivam mais das suas próprias experiências, referindo o facto de ter estudado História na universidade e o facto desta constituir uma fonte fértil de inspiração de sons ou emoções, e também a sua experiência na sua igreja, relevando que a música aí criada e partilhada tem presença e atmosfera, e um sentimento de ligação às letras e melodias que procura recriar no seu próprio som. De acordo com Abi, criar música é uma experiência libertadora, onde pode explorar diferentes cenários e emoções, livre de quaisquer restrições, e olhar para o seu próprio interior sem sentir qualquer vergonha do que possa encontrar. Considera que a música é algo extremamente poderoso, capaz de alterar a forma como uma pessoa se sente apenas utilizando som, acrescentando que, para si, o único potencial lado negativo de escrever canções é o perigo de criar algo que não contribui para o crescimento das pessoas. Da sua parte, pretende não contribuir para um mecanismo em que simplesmente se preenche a mente com palavras vazias e negativas, mas antes transmitir significado e ser honesta.
“Running”, o single da playlist de hoje, é caracterizado pela própria como uma evolução enquanto compositora, resultado de um processo em que a escrita da canção a levou a colocar questões mais filosóficas que procurou fazer transparecer, partilhando, em essência, a mensagem de que em vez de fugir de alguns problemas se deverá fugir para eles com a confiança de que poderão ser ultrapassados. A atenção ao detalhe na criação da música continua na vertente visual da música, com um vídeo em que a fotografia cinematográfica fortalece o ambiente criado.
Abi Ocia parece ter uma ideia bem formada acerca do que quer concretizar com a sua música e, apenas com mais um single lançado até ao momento, “Konfyt”, conseguiu desde já criar alguma expectativa em relação ao que se seguirá.
Outro destaque desta semana vai para a americana SZA que, depois do lançamento de alguns EPs e mixtapes no período entre 2012 e 2014, surge este ano com o lançamento do seu primeiro álbum completo, “Ctrl”, que reflete um estilo musical caracterizado essencialmente por uma sonoridade R&B, neo soul e indie rock. As letras das suas canções são geralmente descritas como inquietantes, abordando temas como sexualidade, nostalgia e abandono, que se conjugam com uma música com produção elaborada que lhe tem vindo a permitir angariar uma significativa coleção de críticas positivas de publicações da especialidade. Uma artista a descobrir, não só no álbum recentemente lançado mas também nos seus trabalhos anteriores, que revelam um pouco mais sobre a evolução desta artista, que refere que sempre esteve mais interessada em criar uma forma de arte ao invés de criar apenas música.
Finalmente, uma chamada de atenção também para Chlöe Howl, uma inglesa que, ainda sem ter lançado um álbum completo mas com alguns EPs e singles isolados adicionados à sua discografia, conseguiu ser nomeada para os prémios BBC Sound of 2014 e para os Brit Awards do mesmo ano. Após um período em que terminou a relação com a sua editora, o que atrasou os planos de lançamento de um álbum que havia sido inicialmente previsto para 2014, Chlöe regressa agora, em 2017, com o single “Magnetic”, que traz consigo uma sonoridade mais original face aos seus trabalhos anteriores, deixando alguma expetativa e curiosidade para saber o que se seguirá.
Além dos nomes já citados, a playlist desta semana inclui ainda Pixx, Hey Violet, Vera Blue e The Regrettes, numa coleção que reflete abordagens distintas em relação à música mas que, ainda assim, se conjugam num conjunto harmonioso.
Os destaques visuais desta semana vão, para Pixx, Abia Ocia e SZA, com a nota particular para o vídeo desta última com a música “Drew Barrymore”, em que a própria Drew Barrymore surge num instante de passagem.
Enjoy!
Pixx – Grip
Abi Ocia – Running
SZA – Drew Barrymore