Austrália: Violência Contra Pessoas LGBT Duplicou Durante Campanha Pelo Casamento Igualitário

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No dia em que a Austrália se junta aos países em que se celebra o casamento igualitário, não deixa de ser preocupante saber que os crimes contra as pessoas LGBT mais que duplicaram durante a campanha que precedeu este histórico momento.

Os resultados da pesquisa – realizada pela The Australia Institute e pela National LGBTI Health Alliance – revelaram uma imagem preocupante durante a votação: as ofensas verbais e físicas nos três meses após o anúncio da votação mais do que duplicaram quando comparadas com os números dos seis meses anteriores. Quase 70% das pessoas LGBT afirmaram inclusive “evitar estar com outras pessoas“, pelo menos durante algum tempo como forma de proteção.

Cerca de 80% das pessoas LGBT (e 60% da aliadas) consideraram o debate sobre a igualdade do casamento “consideravelmente ou extremamente stressante“. Isto contribuiu para um agravamento da depressão e da ansiedade em um terço das pessoas LGBT. “O debate público sobre a igualdade dos nossos corpos, relacionamentos e sentimentos tem sido cansativo e frequentemente doloroso“, disse Rebecca Reynolds, diretora executiva da National LGBTI Health Alliance. “Esses aspectos de quem somos nunca deveriam ter sido objeto de discussão pública. Devem, sim, ser celebrados na vida quotidiana“.

Estes estudos espelham os receios das pessoas que se opuseram à votação: que seria prejudicial para a saúde das pessoas LGBT na Austrália. As pesquisas realizadas após o referendo irlandês sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo revelaram resultados semelhantes, com a maioria das pessoas LGBT a sentir-se ansiosa ou irritada em resposta à campanha contra o casamento igualitário.

Para além de ser uma questão de princípio, em que os direitos fundamentais não são referendáveis, estas são razões que se juntam para serem evitadas votações e referendos deste estilo que, embora os seus resultados finais positivos, podem ser alcançados através de programas de governos que pretendam assumir os direitos igualitários a toda a sua população. Fica a dica.

Fontes: Pink News e Imagem.

3 comentários

  1. Embora em Portugal não tenha havido um referendo (stressante), a minha percepção, absolutamente empírica e subjectiva, é que os típicos “machos” homofóbicos se tornaram, após as leis pró casamento gay, mais agressivos, nos comentários e assobios, quando se lhes afigura (acertadamente ou não) estarem em presença de pessoas LGBT. A título de exemplo, no ginásio, ouvi um grupo de três grunhos gabarem-se e rirem por, segundo eles, terem atemorizado uns “maricas” (“etc.”) na noite. [Acontece, historicamente, haver reacções contrárias a movimentos que (re)movem as mentalidades.]

    1. Há que estar pois atento a esses fenómenos de contra-reação em que grupos mais ou menos espontâneos – ou mais ou menos organizados – são alimentados por estas evoluções sociais nos direitos humanos.
      Obrigado pelo comentário 🙂

  2. De acordo, embora a atenção não baste, se não houver um suporte institucional favorável, ou seja, leis e sanções pró-gay e anti-homofobia. A atenção será no sentido de manter direitos (em Portugal e na centena e tal de países onde, no mínimo, a homossexualidade não é ilegal). Já por exemplo na Chechénia (e nos países que condenam à morte), toda a atenção possível se torna impossível, dadas a orientação política e a hostilidade social estimulada e promovida pelos poderes (políticos e religiosos).

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