Quinze pessoas, incluindo cinco mulheres, foram punidas publicamente na sexta-feira por violar a lei da Sharia na conservadora província de Achém, na Indonésia. Entre elas, dois homens acusados de serem gays, receberam 87 chicotadas cada por terem sexo com outro homem, enquanto outros nove foram sentenciados a 26 chicotadas por adultério. Quatro outras pessoas foram submetidas à punição pública por estarem embriagadas, incluindo uma mulher que recebeu 27 chicotadas.
Realizada após as orações de sexta-feira, a flagelação foi assistida por centenas de pessoas, incluindo crianças, do lado de fora da Mesquita Baiturrahim, em Banda Achém, capital da província. As pessoas do público que ali se concentrou fizeram-se ouvir ao assobiar enquanto as pessoas detidas, que usaram camisas koko tradicionais brancas, foram trazidas para o cadafalso em frente à mesquita.
No início deste ano, o governador da província, Irwandi Yusuf, decretou que as sentenças corporais fossem executadas dentro da prisão da cidade. No entanto, o chefe da polícia religiosa, Muhammad Hidayat, disse que as sentenças de sexta-feira foram realizadas publicamente por causa da falta de instruções detalhadas sobre o decreto.
Ao contrário do resto da Indonésia, a província de Achém segue leis islâmicas rígidas, que tornam ilegal a atividade sexual fora do casamento e das relações entre pessoas do mesmo sexo. O código criminal da Sharia entrou em vigor em setembro de 2015. É a única das 34 províncias indonésias que pode implementar legalmente a Sharia, de acordo com a Human Rights Watch.
Os dois homens sentenciados por homossexualidade na sexta-feira não são os primeiros, em maio passado, dois homens foram igualmente sentenciados a 83 chicotadas pelo mesmo crime.
A aplicação da Sharia em Achém “teve um efeito inibidor sobre os direitos básicos de segurança e liberdade de expressão para a comunidade LGBT ali profundamente marginalizada“, conclui relatório da HRW, acrescentando que as pessoas LGBT naquela província “vivem num clima de medo em espiral … (e) enfrentam assédio sempre presente, detenções arbitrárias e detenção pela Sharia (lei islâmica), polícia municipal e ameaças de tortura”.
Fonte: CNN.