
A igualdade de género é um dos temas mais abordados na atualidade, ainda que pouco se faça no sentido de melhorar as oportunidades e direitos daqueles que são considerados fora da norma. No entanto, a intenção de se criar igualdade é muito mais abrangente. Por vezes, não se limita apenas ao género, orientação, etnia ou raça. Também se estende a outras áreas da sociedade, nomeadamente ao mercado laboral. E é aí que entra o poder ou, melhor dizendo: o abuso de poder.
Por mais artigos que se escrevam, a sociedade parece que continua a fazer de tudo para que as pessoas não se sintam incluídas num determinado espaço, ou mesmo no próprio local de trabalho. Tal como referiu o João Santos Costa no #SÓQNÃO, ser LGBTI é não ter as mesmas oportunidades que os heterossexuais. Logo, não há necessidade de se fazer uma marcha do orgulho heterossexual. Os direitos daqueles que se enquadram nesta orientação estão totalmente salvaguardados. Não têm, por exemplo, problemas em parecer vulneráveis na empresa para a qual trabalham.
No mercado de trabalho, isto é, em qualquer empresa que empregue cidadãos LGBTI, os direitos destes deveriam estar salvaguardados pelo código de trabalho. Não digo que se exponha as orientações sexuais em todas as leis, mas sim que aqueles que têm o poder tenham em atenção o uso que fazem dele. Pois, acontece muito tratar-se alguém de forma diferente só por ser homossexual, por exemplo. Essa pessoa pode parecer mais vulnerável, até porque num primeiro instante se sinta inferiorizada e excluída do meio em que está. Nesse sentido, aqueles que mandam têm a obrigação de se preocupar com a inclusão numa equipa. Invés de fazer discriminação ou ofender, como já se conheceram alguns casos.
Um artigo do Xavier Pereira sobre igualdade, que saiu este mês na revista CRISTINA, aborda as cores que pintaram as passadeiras de Campolide, em Lisboa. O tema também foi matéria aqui para o esQrever e, com muita pena, houve quem adorasse e quem detestasse. O problema é que os que detestam já não se escondem nem mostram educação perante um assunto que deveriam respeitar. Quanto às cores, foi uma excelente ideia e, neste caso, o presidente de Campolide fez o melhor uso do poder. É para isso que ele existe, para unir pessoas, para fazer o bem.
O poder dos diretores, presidentes, políticos, etc. é decisório na construção de limites. Escolhem quem se mantém ou quem deve deixar cada lado do limite. Porém, esse limite deveria ser alienado. Nunca esteve tão presente uma barreira, ou um muro, entre as pessoas como nos últimos tempos. Barreiras que impedem a cultura cívica, o respeito e, consequentemente, a igualdade de direitos, de género, de oportunidades. Portanto, a resposta à pergunta de onde fica o poder no meio da igualdade rege-se não só pelo bom senso daqueles que têm poder de decisão, mas também pela preocupação em criar formas de inclusão. Assim, o poder não deve ser entregue a qualquer um.
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