
Tommy Dorfman, a estrela de Por Treze Razões (13 Reasons Why, no original), hoje com 29 anos, falou publicamente sobre a sua transição pela primeira vez numa entrevista para a revista Time onde se debruçou na forma como as coisas mudaram na sua vida o ano passado.
Uma das primeira explicações é o de manter o seu nome, Tommy contou que não iria alterar o seu nome, dado que que o recebera do irmão da sua mãe, tio esse que faleceu um mês depois de Tommy nascer. Por isso, a atriz diz sentir-se “muito ligada a esse nome” e a um tio que a abraçou quando estava a morrer. “Esta é uma evolução de Tommy. Estou a tornar-me mais Tommy.“
Dorfman disse que “sempre” se viu como uma mulher, mas pensou que a sua transição talvez não pudesse acontecer até ela ter 40 anos. No entanto, contou que o apoio de pessoas da comunidade trans, bem como as paralisações da COVID-19, a ajudaram a alcançar o ponto em que se encontra hoje.
“Uma idosa trans perguntou-me como me via quando for mais velha, quando tiver 60, 70, 90 anos. Era claro para mim, via a Cate Blanchett“, disse Dorfman. “O meu espírito estava tão sintonizado com o que quer que significa ser uma mulher. Tive o privilégio de um corpo masculino, mas [ser mulher] é tudo o que conheci por dentro. As mulheres trans marcaram-me o tempo todo.“
Dorfman, que irá interpretar uma personagem feminina pela primeira vez no próximo filme Sharp Stick, compartilhou que as hormonas a deixaram melhor do que nunca. “Passei 28 anos da minha vida com ideação suicida, a sentir-me deprimida e a recuper do alcoolismo e da dependência de drogas. Acho que nunca fui genuinamente feliz até o ano passado. Olho para fotos minhas desde que comecei a trabalhar, e posso ver o quão infeliz estava em todas as fotos. É horrível.“
Dorfman acrescentou que sua transição tem sido por vezes difícil, comparando a toma de hormonas a uma nova “puberdade como adulta“, mas reconhece o privilégio que sente poder ajudar pessoas mais jovens que estão a embarcar nas suas próprias jornadas de identidade de género.
“Em última análise, acho que isto não é apenas uma responsabilidade trans, mas uma responsabilidade humana de estar a serviço da próxima geração“, disse. “Agora tenho primos trans e não binários que são mais jovens do que eu, mas enquanto cresci, apenas conheci um primo gay mais velho do que eu.“
Quando perguntada se existe também algum sofrimento e perda na transição, Dorfman respondeu que por vezes para justificar algo dizemos “que tudo antes era terrível” e não conseguimos reconhecer parte do que deixamos para trás. “Não é necessário fazer a transição médica para ser trans, mas, para mim foi uma escolha ativa. Estou a alinhar o meu corpo com minha alma.” Ainda assim, continua, “estou a perder algumas coisas. Tenho que reconhecer o facto de que trouxe muitas pessoas e coisas que podem não estar presentes nesta parte da jornada.” No entanto, Dorfman reconhece que tudo o que pode agora fazer é olhar para um futuro onde, espera, “seja radicalmente honesta“. E remata: “É essa a pessoa que me estou a tornar.”

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