Quando Harry Whitfield, o nome por detrás da drag queen Charity Kase, tinha 18 anos foi diagnosticado com VIH. “Tudo o que tinha visto através dos meios de comunicação sobre o VIH era que era ‘nojento’, ‘sujo’ e ‘facilmente evitável’“, lembra Harry.
Procurando apoio, falou com um membro da família sobre isso, mas em vez de apoio, o familiar respondeu-lhe: “Oh, eu disse-te para teres cuidado.“
Embora tenha iniciado o tratamento e agora viva uma vida saudável, foi o estigma associado ao VIH que teve o maior impacto na sua vida. O trauma que sentiu associado ao estigma obrigou-a a isolar-se do mundo e, eventualmente, a tornar numa drag queen que concorre atualmente no RuPaul’s Drag Race UK.
Seis anos depois, Charity Kase está firmemente estabelecida como uma das drag queens mais ousadas do leste de Londres – com centenas de milhares de seguidores e seguidoras no Instagram – e ela está determinada a dissipar o estigma e os mitos sobre o VIH.
Numa conversa com a queen Kitty Scott-Claus, Charity Kase contou que recebeu mensagens em apps de namoro e nas redes sociais de pessoas que a chamam de “perigo”, “sujo” e aa dizer-lhe para ela “afastar-se” – mesmo que o seu status virológico seja “indetectável”. Isso significa que o tratamento reduziu a carga viral no sangue dela a um nível tão baixo que não pode ser detetado num teste ou transmitido a outra pessoa.
“Foram comentários horríveis e desagradáveis que são realmente degradantes e ruins“, disse.
O estigma que enfrentou também a afetou de outras maneiras. As pessoas estavam preocupadas em partilhar bebidas com ela – mesmo que o VIH não possa ser transmitido pela saliva.
Desde o seu diagnóstico, que tem lutado com a ideia de se abrir às pessoas e ter uma relação. “Não namoro agora“, disse. “Eu não tenho uma relação desde os meus 18 anos“, confessou ela hoje com 24 anos.
Para Charity, o drag foi uma maneira de expressar as suas emoções enquanto enfrentava o seu diagnóstico e o estigma que lhe vinha associado: “A relação em que estava terminou e senti-me realmente perdido. Abandonei a faculdade e a minha vida deixou de ter uma direção.”
Após deixar o seu emprego por se sentir mal antes de começar os tratamentos, entrou”numa espiral de criatividade” até Harry criar a sua Charity Kase. “É uma forma de fuga para me retirar do meu próprio corpo por algumas horas – ou para colocar um novo corpo em cima do meu. É realmente terapêutico nesse sentido.“
Se se sentisse chateada, por exemplo, ela pintar-se-ia como uma personagem triste ou se estivesse com raiva, ela seria um demónio. Escrevia pequenos contos de fadas para cada personagem que criava, explicando as suas emoções e o que estavam a viver. “Isso fez-me aceitar o que eu própria estava a sentir“, disse. “Eu gosto que as coisas sejam o mais impressionantes e ridículas possível. Tornar-me numa criatura de fantasia é muito divertido para mim.“

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