
A ILGA Portugal apelou a “menos preconceito, mais vacinação, mais informação e maior rapidez na atualização das normas” de combate ao surto de Monkeypox.
Na semana em que os números em Portugal de pessoas infectadas com Monkeypox ascendem a 846, tornando o país o sexto europeu com mais infeções, a associação vem reforçar os seus apelos contra o preconceito. Importa recordar que no início do surto do Monkeypox, a ILGA Portugal – tal como outras entidades – denunciou a perpetuação de narrativas encontradas em meios de comunicação social que associaram a orientação sexual à propagação de doenças.
Tendo a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarado a Monkeypox como uma emergência global de saúde pública em julho passado, a ILGA Portugal clarifica que “embora o vírus possa infetar qualquer pessoa, à data de hoje as dinâmicas de transmissão do vírus (…) têm impactado maioritariamente a vida de homens, de entre os quais homens gays, bissexuais ou, como é por vezes referido, homens que têm sexo com homens.”
Tendo estado a fazer o acompanhamento com entidades responsáveis e outras entidades comunitárias, a ILGA Portugal considera que continua a faltar ao fim destes meses comunicação e/ou informação de caráter público, livre de preconceitos e que auxilie a mesma a reivindicar números e ações concretas. Um caso visto como de sucesso é o do surto da Hepatite A em 2017, onde a contabilização de vacinas necessárias permitiu prevenir futuros contágios. “A nossa missão”, reforça, “é reivindicar, sempre para todas as pessoas: MAIS transparência, MAIOR periodicidade na atualização/publicação das normas vigentes e se for necessário – MAIS VACINAS, nomeadamente de carácter preventivo!“
A ILGA Portugal apela assim às autoridades nacionais que “exerçam a diplomacia necessária junto dos organismos Europeus” para que a saúde pública não fique refém “de lógicas de mercado e de racionamentos com base em critérios geopolíticos que extravasam a preocupação central com a saúde humana“. A associação recorda que há países onde já existe um regime de vacinação em modo “casa aberta” para as pessoas que têm sido mais afetadas e considera que é esse o caminho a seguir.
Sendo o preconceito muitas vezes e historicamente inimigo da saúde pública, a ILGA Portugal alerta assim para esta situação e apela para que “não se repitam erros que ainda hoje estão por sanar“. Reforça ainda que “as pessoas têm o direito a prevenir e a tratar da sua saúde sem receio de discriminação, ‘outing’ e violência.”
A associação tem conhecimento de pessoas que recorreram às autoridades nacionais de saúde e não obtiveram um atendimento de acordo com as recomendações internacionais, quer em matéria de prevenção, mas também de tratamento. É por isso especialmente importante denunciar estes casos e a ILGA Portugal aconselha que a denúncia seja feita “junto das autoridades em questão, mas também no nosso Observatório da Discriminação.”
“A prevenção e a reivindicação por uma ação global célere e digna cabem também a todas as pessoas.”
Têm de vacinar com urgência grupos e contactos de risco.