
Este sábado, 19 de agosto, no Auditório da Fnac do Guimarãeshopping, realiza-se o debate “A importância da Visibilidade Lésbica” às 16h30.
Diz a organização que, num mundo ainda resistente à plena integração e respeito por todas as pessoas, impõe-se procurar caminhos para uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Assim, serve este debate para questionar a heteronormatividade e a binariedade imposta pelas religiões abraâmicas e confrontar a ortodoxia conservadora com o direito inabalável à individualidade, à plena existência e à dignidade de todas as pessoas.
No mês de agosto, o Brasil assinala o mês para a Visibilidade Lésbica, com o Dia Nacional do Orgulho Lésbico, dia 19, e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, dia 29. É neste contexto que surge o debate em Guimarães. O Movimento Guimarães LGBTQIA+ uniu-se à 8M Guimarães, ao Núcleo de Inclusão e ao Clube Safo (primeira associação lésbica em Portugal), para construírem o lugar de fala das pessoas historicamente mais oprimidas, silenciadas e esquecidas: as mulheres.
Mote para o debate “A importância da Visibilidade Lésbica“
Diz a organização:
As mulheres sofrem ainda uma discriminação extra, pelo facto de serem lésbicas, juntando-se a possibilidade de serem emigrantes, de terem diversidade funcional, ou serem racializadas, trans, não-binárias ou arromânticas. Este espaço inclui as pessoas não-binárias e as mulheres trans, dado que ambas se podem identificar também como lésbicas.
Linguisticamente, a palavra lésbica, tem a sua raiz no topónimo “Lesbos” + -ica, feminino de -ico, e significa literalmente residentes da ilha de Lesbos, na Grécia. Mas, com o tempo, o termo passou a designar mulheres que se sentem atraídas, física e/ou emocionalmente por outras mulheres, em memória da poetisa mais conhecida da ilha de Lesbos, chamada Safo.
Curiosamente, antes da palavra “lésbica” ganhar popularidade, as mulheres que se sentiam atraídas por outras mulheres eram conhecidas por “sáficas” e o seu amor era definido como safista, em honra da grande poetisa. Todavia, não é claro quando a palavra “lésbica” foi usada pela primeira vez para descrever mulheres que amam outras mulheres. As provas mais antigas do seu uso remetem para 1800, sendo que o seu uso tornou-se frequente com o feminismo lésbico das décadas de 1960 e 1970.
O nosso sistema, assim como as suas instituições e a sua cultura, têm uma longa tradição de marginalização das pessoas lésbicas. Desde homens que acham que conseguem mudar a orientação sexual de uma mulher, ou piadas sobre o “ménage à trois”, são insinuações que invalidam as relações lésbicas e que tentam descredibilizar a realidade destes sentimentos. Para além disso, a pornografia, feita maioritariamente para homens hétero, sempre fetichizou o termo “lésbicas”, o que faz com que a palavra perca o seu sentido primordial e passe a reduzir as mulheres a objetos de prazer masculino. Isto levou a uma estigmatização da palavra e até a uma censura online da mesma.
É contra este ciclo que importa que sejam as mulheres lésbicas a apropriarem-se da palavra “lésbica”, não só para lhe restituir o seu verdadeiro significado, mas também para ocuparem um lugar de fala e representarem-se a si mesmas.
A palavra irá assim surgir neste debate “A importância da Visibilidade Lésbica” este sábado, dia 19 de agosto, pelas 16h30 no Auditório da Fnac do Guimarãeshopping. Aparece!