The Cold Never Bother Me Anyway

Desde que Frozen estreou no ano passado que este tem sido dissecado quanto à sua ideologia, quanto à sua mensagem. Tornou-se também, e algo inesperadamente, o filme de animação mais lucrativo de sempre. E é por isso que importa entender aquilo que o filme representa.

Baseado livremente no conto A Raínha Da Neve de Hans Christian Andersen, o filme conta a história de duas irmãs, Anna e Elsa. Elsa possui o poder único e mágico de criar gelo e neve, poder esse que, quando descontrolado, pode ferir aqueles próximos dela, nomeadamente a irmã. E é este perigo, este medo pelo desconhecido que justificam a decisão dos pais das irmãs em isolar Elsa, separando-as. Elsa é aconselhada, por Amor à família, e em particular a Anna, em negar o seu poder e não o exprimir, nunca.

É com esta premissa que facilmente chegamos à temática gay, que na realidade pode ser uma outra temática em que um grupo de pessoas é reprimido por mero medo e desconhecimento, cada um verá o filme conforme as suas vivências. E é essa também a beleza do filme, porque o ideal base está lá e é isso que importa.

Depois da morte prematura dos pais de Anna e Elsa a povoação descobre os poderes da última e esta foge com a vergonha e o receio de ferir aqueles que lhes estão mais próximos. E é aqui que surge talvez a maior descoberta do filme, acompanhada apenas com os seus pensamentos Elsa decide assumir-se perante ela mesma, sem medos, orgulhosamente ela. Vale a pena (re)descobrir Let It Go:

Frozen consegue também desconstruir um mito que a própria Disney tem alimentado desde o início, o clássico amor à primeira vista, quando (geralmente) uma rapariga de apaixona por um estranho mal lhe mete a vista em cima. Para além de em Frozen a Disney sobrepor o Amor entre as irmãs (família) salvando-as a ambas, o amor à primeira vista é descartado (traído) e substituído por um outro em que o factor tempo é também valorizado e, adivinha-se ou sonha-se, irá dar os frutos certos.

É com estes argumentos que a equipa de Frozen acerta em cheio e criou um dos melhores filmes de animação de sempre, um filme que valoriza o Amor à frente do medo, do desconhecido, da diferença, um filme que valoriza o tempo que leva a conhecer outra pessoa em vez do romantizado e perigoso amor instantâneo.

E é neste contexto que Frozen se tornou numa das maiores bandeiras para o respeito humano, onde facilmente incluímos o mundo gay. E todo o seu sucesso é também o nosso sucesso. E por isso vale a pena ver e rever até a ideia se embrenhar em todos nós.


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Respostas de 4 a “The Cold Never Bother Me Anyway”

  1. […] por Jonathan Groff (sim, o Kristoff do Frozen), longe vão os tempos em que as personagens LGBT possuíam uma única perspectiva nas séries de […]

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  2. […] sejamos julgados pelos nossos actos, mas não pelo que somos. A Disney parece ter percebido isso nos últimos filmes de animação que produziu, resta esperar que a restante Hollywood aproveite a […]

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  3. […] milhares de pessoas a ‘pedirem’ uma namorada à Princesa Elsa do filme Frozen – que falámos na altura aqui – tornando-a assim na primeira princesa LGBT da Disney. Mas tudo começou com um tweet da […]

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  4. […] esconder aquilo que está a viver. Peço desculpa por ir buscar um exemplo da Disney, mas o filme Frozen (na versão portuguesa) tem uns versos que dizem “Não vão entrar, não podem ver. (…) […]

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