É curioso como uma palavra ou uma expressão podem tomar contornos que, à partida, nem nos ocorreria. Pode ser um caso de desatenção, pode até ser um caso de ingenuidade provocada pela falta de vivência em redor de certo problema que outros, directa ou indirectamente, já passaram, já discutiram.
É também por isso que tenho escrito neste blogue, para partilhar, no sentido de troca, de entreajuda e foi isso que aconteceu ontem quando a jornalista Fernanda Câncio me chamou à atenção que a ideia de uma comunidade gay é debatível, que este tipo de expressões são operativas, que funcionam num contexto de descriminação e em reação a esta:
E foi assim que me apercebi do problema concretamente à expressão e à ideia de uma comunidade gay, esta pode tornar-se numa arma de separação em relação à sociedade, tal como a expressão casamento gay também o é, porque muitas vezes quem usa este tipo de expressões usa a palavra gay como um adjectivo de segunda, de forma ofensiva, de forma a deixar bem claro que um casamento gay não é um verdadeiro casamento pleno, mas sim um casamento, lá está, gay.
Ao utilizarem uma expressão mais ou menos aceite pela sociedade, que é usada de forma politicamente correcta, os homófobicos estão na realidade a tomar posse de uma palavra de forma a esconderem o verdadeiro sentido que eles lhe atribuem: a segregação, quer seja de um grupo de pessoas, quer seja a segregação por desprezo de um acto de união entre duas pessoas do mesmo sexo.
Torna-se assim perigoso usar certas expressões porque estamos a dar força e a prolongar uma ideia que separa em vez de uma outra que une e, por melhores que sejam as intenções como foi o meu caso, há que estar atento ao perigo potencial que uma simples palavra pode ter. É este o objectivo principal de todos estes textos, trocar ideias e aprender para sabermos lidar melhor com as situações que no surjam no futuro. Venha agora ele.