Um pouco no seguimento do artigo O Sujo Acordo há momentos, como um funeral que, pela sua natureza, já são suficientemente difíceis, ainda conseguem ser piores para o caso da maioria das pessoas gays (e, na realidade, não só, mas já lá vamos).
Num funeral há o (re)encontro de família mais ou menos próxima, de amigos mais ou menos íntimos e é nesta circunstância que surgem algumas situações complicadas e injustas para quem, por pressão muitas vezes inconsciente das famílias, não pode levar com quem está, não pode ter esse apoio imediato, esse ombro num momento difícil. Muitos gays têm que simplesmente abdicar dessa presença, porque é o mais simples, porque é o mais fácil, aparecer sozinho.
Mais! Quando rodeado de casais que, obviamente, se unem num momento de tristeza, são confrontados repetidamente quanto à existência de um namorado ou namorada, dão a piadinha ao perguntar quando é que nos casamos, que os nossos pais querem netinhos. E nós sorrimos e somos evasivos, respondendo, ou não, consoante a nossa força num dia já de si difícil, sozinhos.
Há quem lhes faça frente e só posso admirar essas pessoas que conseguem fintar o jogo de palavras e chamar à atenção a quem o merece ser feito. As pessoas que insistem tanto em nos fazer estas perguntas, por mais levianas que sejam as suas perguntas de forma a descomprimir uma situação de dor, mesmo que isso seja um escape que lhes possa até parecer benigno e humorístico, não pensam que há pessoas que não querem, não podem ter filhos; pessoas que não querem, não podem namorar (perante eles). Ao insistirem tanta vez neste tópico, ano após ano, só estão a magoar e a afastar as pessoas que se encontram nesta situação, sejam gays ou não, e acabam por entrar no foro íntimo de uma pessoa ou casal.
E isto, meta-se-lhes de vez na cabeça, simplesmente não lhes diz respeito.