Palavras de Maria Helena, taróloga de serviço da SIC, ontem em modo conselheiro para com uma telespectadora que desconfia do adultério do marido:
Pode fazer aquilo que todas as mulheres fazem minha querida. Canse o seu marido, faça muita “ginástica”, arranje-se toda, seja muito bonita. Se ele fizer muita “ginástica” em casa, minha filha, vai para a rua e já sobra pouco. Está-lhe a falar uma mulher que está casada há 50 anos, compreende? Você arranja-se toda, empinoca-se toda, quando o homem chega a casa diz-lhe ‘Vamos fazer ginástica, filho’. É assim que se faz para salvar os nossos casamentos. Temos de ser mais espertas que as galdérias”
Ai. Primeiro de tudo, parabéns à SIC por continuar a apostar em cartomantes com diploma em vigarice de óleos de fada para fazer aconselhamento psicológico de pessoas que telefonam com problemas pessoais. Depois da barraca da Carla Duarte, essa especialista em engodos de Marselha, a que aconselhou uma vítima de violência doméstica a amar o seu marido, podiam ter aprendido. Mas agora foi mesmo a mestre de todas as charlatãs a dar corpo ao manifesto.
Maria Helena, meu anjo – como gosta de carinhosamente apelidar as suas clientes televisivas – você é muita bronca. Sim, até podia desculpá-la e dizer-lhe que compreendia a origem da atitude símia e que ela correspondia a muitos anos de recalcamento patriarcal. Que as mulheres também são machistas por consecutivas impressões sociais e tudo isto não passa de uma deprimente e aflitiva expressão dessa misoginia. Mas você não, meu anjo. Você é simplesmente bronca todos os dias. Não só anda há anos a enganar pobres coitadas e a sugar-lhes a alma ao estilo da Úrsula d’A Pequena Sereia – mas bem menos fabulosa, sorry – como ainda lhes dá conselhos valiosos para se prostrarem ainda mais aos pés dos seus homens, santos salvadores que, infelizmente, são corruptíveis.
Ginástica. Lembro-me muitas vezes da minha mãe dizer que ia para a ginástica, mas nunca pensei que fosse isto. Obrigado primeiro de tudo por me elucidar sobre esta forma anciã de exercício físico. E técnica imbatível de salvar o casamento das galdérias. Aquelas putas bíblicas que andam a sacar o marido das outras, pobres seres inúteis sem discernimento e incapazes de resistir ao chamamento da galdéria do cabeleireiro de fronte. Por isso há que fazer tudo para resgatar estes pobres seres inúteis. E que melhor maneira que empinocar. Se. Vá, pôr-se toda fuckable, tudo aquilo que uma boa mulher pode e deve ser. Um brushing bem feito. Uma manicure aprumada. Um eyeliner provocador. Ah e umas pestanas postiças. Mas minha Maria Helena, minha querida, meu anjo, meu tubérculo, não se esqueça de retirar as pestanas no segundo antes do sortudo do seu homem lhe ejacular na tromba. Essas Kiko ainda são caras e de qualquer forma não vai conseguir abrir os olhos. Por densidade inerente ao próprio fluído e por vergonha de se estar a banalizar mais uma vez para “salvar” o seu precioso casamento. Se tiver sorte ele vai lembrar-se do seu nome e não chamar-lhe Jéssica. Ou Madalena mesmo. Novamente. Compreende?
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