Dia Mundial da Saúde Sexual

O Dia Mundial da Saúde Sexual, dia 4 de setembro, este ano ficou demarcado por um vídeo do Gabinete de Atendimento à Família (GAF) de Viana do Castelo e da AO Norte – Associação de Produção e Animação Audiovisual, que demarca as seguintes questões, formuladas pelos autores: “Existe sexualidade sem sexo?” e se “Isto do sexo é só para os jovens e para os casais heterossexuais?”.

O vídeo que conta com o apoio da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (SPSC), de acordo com os autores, pretende sensibilizar a comunidade sobre aspetos como as relações serem muito mais do sexo, sobre a necessidade de criação de laços emocionais e também a questão da proteção através de métodos contracetivos.

Na realidade o vídeo é parco na mensagem, basicamente cinge o apelo ao uso de proteção contracetiva, com a apresentação só de dois tipos de métodos contracetivos, preservativo masculino e feminino. Aborda ainda de forma lata também a questão da importância do questionamento da heteronormatividade, dando-nos um olhar, muito superficial, sobre aquilo que possa ser a bissexualidade, homossexualidade e o poliamor.
Continua a ser precária a adequação dos cuidados de saúde às pessoas lgbti, que mais uma vez se encontra espalhado no vídeo. As minhas perguntas recentram-se até só na personagem que é retratada no vídeo, onde supostamente há um apelo ao uso de métodos contracetivos. Mas teremos atualmente métodos contracetivos adequados às pessoas lgbti? Qual o método contracetivo usado por aquelas duas mulheres para sexo oral? A heteronormatividade foi realmente “abolida” do vídeo?

Há que ter sempre em pano de fundo a discriminação e falta de excelência, qualidade e segurança na prestação direta de cuidados, que deve ser um dever do Estado. Onde a promoção da igualdade, equidade e universalidade dos cuidados deveria ser perene.
Mais uma vez as pessoas lbgti assistem a um vídeo que faz referência ao uso de métodos contracetivos, mas que por mais que digam que é inclusivo, verdadeiramente não tem conteúdo que revele dar respostas concretas para este tema.

Perpetua-se, na saúde escolar, onde este tema é bem abordado, que não há informação e consequentemente capacitação dos enfermeiros para dar respostas. Não obstante, que também os idosos e deficientes lgbti continuam a ser uma faixa com muita falta de respostas apropriadas, com o medo, o receio e o isolamento social que daqui advém.
Claro que esta falta de informação, falta de conhecimentos, falta de métodos contracetivos adequados, surge na falta de inclusão e na subsequente marginalização da saúde lgbti dos programas nacionais de saúde. Falta em saúde no que tange à coleta científica, processamento e análise de conhecimentos, dados e informações específicas da saúde lgbti. Deveria ser preocupação do Estado, a realização de investimento e pesquisa, e procurar incluir o que já existe, com novos estudos e tecnologias viradas às necessidades em saúde das pessoas lgbti.

Em saúde lgbti, a oferta de atenção e cuidado de respostas em saúde, em específico nos métodos contracetivos, é só um exemplo. Em outros pontos como a saúde obstétrica e reprodutiva, saúde mental, saúde escolar, formação dos profissionais de saúde, entre outros, são um conjunto de exemplos onde é necessário o estudo, discussão e inclusão destas temáticas nos mais variados programas nacionais de saúde já existentes.

Porque mais uma vez, a bandeira deveria ser a saúde para todos e todas.

 

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