Dia Nacional da Visibilidade Trans

Hoje, dia 29 de janeiro, comemora-se, no Brasil , o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Este dia de celebração começou após 2004 quando, pela primeira vez na história deste país, pessoas trans e travestis estiveram no Congresso Nacional para descrever aos parlamentares qual a realidade desta população.

Ainda que seja um dia de visibilidade e de comemoração não podemos deixar de referir que o Brasil continua a ser o país onde mais pessoas trans e travestis são mortas no mundo. O nível de intolerância para com todas as identidades não normativas é bastante alto, culminando frequentemente em abandono escolar, exclusão do mercado de trabalho, expulsão dos meios sociais e  muitas vezes acabando por achar na prostituição o único meio de sobrevivência. Não existem políticas públicas para educar a sociedade para o respeito e diversidade e isso tem como consequência o nível de violência sofrido por esta população. Estima-se que a esperança média de vida de uma pessoa trans ou travesti no Brasil seja de 35 anos, ao contrário dos 70 anos para a população em geral.

A luta do movimento de pessoas trans e travestis no Brasil já dura há décadas, pela visibilidade de todas estas vozes que foram historicamente e ainda continuam a ser reprimidas. Os apoios têm sido pontuais e ainda há um longo caminho a percorrer. É necessário o acolhimento das próprias famílias, o respeito na saúde, as oportunidades de trabalho e uma cultura que desconstrua todas as opressões de género que são impostas.

Portugal é, e tem sido, um dos destinos de muitas destas pessoas que procuram melhores condições de vida e, por isso, não podíamos deixar de assinalar este dia. Num momento em que se discute no nosso parlamento uma nova lei de identidade de género é importante, também, pensar nestas pessoas e no que poderemos fazer por elas e de que modo uma nova lei poderá contribuir para a sua rápida inclusão. Muitas vezes, o problema principal é a obtenção de documentos que reflitam a verdadeira identidade destas pessoas, mas com a actual lei de identidade de género portuguesa esse reconhecimento também não é possível porque esta só é acessível por pessoas maiores de 18 anos e com nacionalidade portuguesa a viver em Portugal ou no estrangeiro. É urgente chegar a esta realidade e a estas pessoas de modo a trazer a maior dignidade possível à sua vida.

Por tudo isto e mais, é necessário que todas as pessoas estejam unidas. Lutar contra a transfobia não implica ser trans, mas implica um compromisso com o futuro e com a dignidade das demais na sociedade. É necessário continuar a lutar contra todas as assimetrias sociais que cruzam a nossa realidade em vários espectos da vida do dia a dia. É necessário lembrar que as vitórias conseguem-se e que, num dia de celebração, é preciso continuar a lutar, continuar a levantar a bandeira e continuar a levantar a voz para a necessidade de medidas em concreto.

Por tudo isto e muito mais, é necessário.

Porque o direito à dignidade, à identidade e à vida é um direito que nos deve ser garantido.

Por tudo isto e muito mais, continuaremos a ir para a rua!

 

Fonte: Imagem.

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