Mais um Dia do Pai que passou. Há um ano atrás escrevi sobre esta data, e o que afirmei então, continua válido: ser Pai não é fácil. A maioria de nós não leva a sério o amor de um pai – aliás, falamos sempre do “amor de mãe”. O pai é aquele que só conhecemos depois de 9 meses dentro da mãe, a ouvir a voz dela e o bater do seu coração; quando nascemos já conhecemos a nossa mãe e ela já nos conhece – o pai, esse é um estranho. É aquele que sai de manhã e aparece ao fim do dia; pega-nos ao colo, mas não amamenta. Já agora, porque é que o pai não tem leite?
Esta era a pergunta que deixava biólogos perplexos até que Darwin propôs a hipótese de, numa era distante, os mamíferos masculinos e femininos serem capazes de produzir leite e amamentar – se algumas espécies de morcegos o fazem, porque não todos os mamíferos, se todos os mamíferos machos têm mamilos? A explicação para serem secos, seria que, a certa altura da Evolução, os corpos dos bichos perceberam que, para garantir a continuidade das espécies não era eficaz ter os dois géneros a fazer o mesmo papel; as fêmeas ficaram com o departamento de gestação e amamentação – os machos, com o da procriação. Máquinas de coito, com sexos cegamente apontados ao alvo – bois de cobrição, e nada mais.
Mas com o tempo, o ser humano diferencia-se dos animais e cria respostas para os mistérios do Corpo; respostas complexas. Alguns povos não viram no leite um produto exclusivo da mãe, mas um prolongamento do esperma do pai. Para haver um bebé, o pai dava o esperma, a mãe dava o sangue (menstrual), e os deuses davam a vida. E o leite materno era a alteração (química, diríamos hoje) que o corpo da mãe produzia no esperma do pai. E por ele viajava um pouco da alma do pai, que ia alimentar a criança – e esperava-se que o pai levasse uma vida virtuosa enquanto a mãe estivesse a amamentar. Se fosse um homem mau podia estragar o leite e envenenar a criança. Ser pai era ter um vínculo directo, e muito real com a criança, e ter sobre si a responsabilidade de fazer dela um humano saudável – mais ainda, íntegro. Já ia longe, muito longe, o tempo do boi de cobrição.
E contudo, hoje a figura do pai parece ter-se reduzido à visão das escolas de psicologia: uma figura difícil que se interpõe entre a mãe e a criança, ao dizer: “Já está na altura de dormires na tua cama…“. Este é o negro augúrio de que alguma coisa vai mudar – a criança ainda não sabe, mas sente, que há uma separação a criar-se, maquinada pelo homem alto que mora lá em casa.
Mas ao pensar como os Antigos por um segundo, eu pergunto-me: quais serão hoje os valores que correm no leite do pai? Resposta automática e pessimista: todos os valores do Patriarcado, toda a masculinidade tóxica, a desconfiança e inaceitação; tudo o que é fechado, calado, o não-dito e reprimido.
É isto o que um pai de hoje tem para dar? Talvez, em parte; mas ser Pai é mais do que ser progenitor, e o Pai pode dar coisas maravilhosas. Os homens estão a redescobrir o seu papel na sociedade desde há pouco mais de 10.000 anos; e nos últimos 200 as coisas mudaram tão depressa que ninguém conseguiu acompanhá-las. Acho que os pais de hoje têm a seu cargo duas tarefas: descobrir-se enquanto homens – homens individuais, e não bonecos de cartão estereotipados – e depois, passar aos filhos o melhor de si. Ao pensar assim, posso dizer que tenho tido vários pais pela vida fora. E pelo que me ensinaram, estou agradecido. Atrasado na data, mas mesmo assim, agradecido.
Embora a medicina, atrele ao gênero a longevidade feminina, eu diria que mulheres, sexualmente ativas ou casadas, tem o “diferencial” do líquido seminal ou semem, absorvido pela mucosa, a razão para serem longevas! Os únicos homens que se mantém joviais são os casados ou namorados de homem, que apreciam fazer oral!