Foram necessários 17 meses para que a exposição fosse visitada por 930.000 pessoas e adivinha-se que ao terminar tenha alcançado o emblemático número de um milhão. A exposição esteve presente no Museu de Liverpool e tomou o nome de “April Ashley; portrait of a lady“. Mas quem é April Ashley, hoje com 82 anos?
Ashley foi uma das primeiras pessoas conhecidas no Reino Unido a fazer a transição de redesignação sexual. Em 1961, quando já era uma cara conhecida do público britânico pelas campanhas publicitárias e capas de revista de moda, foi denuncida por um tablóide. Ainda longe da sensibilidade hoje em dia exigida, na altura foi descrita como “mulher” (sim, entre-aspas).
No final da década de 1950 Ashley mudou-se para Paris quando começou a vestir-se como mulher e começou a usar o nome Toni April. Integrou aí um aclamado Cabaret em Drag, o Carousel Theatre. Com o dinheiro que conseguiu juntar submeteu-se à operação de redesignação sexual no dia 12 de maio de 1960 em Casablanca, Marrocos. Perdeu todo o seu cabelo e sentiu fortes dores durante a recuperação, mas a operação foi um sucesso.
Regressou por fim a Londres e aí, já como April Ashley, ingressou numa carreira de sucesso como modelo, tendo sido inclusive capa da respeitada Vogue.
Depois do escândalo tablóide, casamentos e divórcios, Ashley tornou-se, por fim, num ícone Trans já na década de 1980. Mas foi só em 2005, com 70 anos e após a alteração da lei britânica, que conseguiu finalmente alterar a sua identificação oficial para mulher.
Em 2012 foi condecorada pela Excelentíssima Ordem do Império Britânico [acima] e no ano seguinte viu uma grande exposição – a maior exposição de temática Trans da história, na realidade; e que homenageou a sua vida – ser inaugurada em Liverpool.
Fiquei muito orgulhosa ao saber que tenho sido apresentada a todos e todas as visitantes do museu por um ano e meio! Não há muitas pessoas que possam alegar ter sido uma peça de museu em sua vida e sentirei pena quando encerrar a exposição.
O diretor da Homotopia, que ajudou a organizar a exposição, Gary Everett, explicou:
Ficámos absolutamente encantados com o número de visitantes e a resposta positiva do público. Acreditamos que ao aprendermos sobre o preconceito e as dificuldades terríveis que as pessoas trans sentem as restantes pessoas tornar-se-ão mais tolerantes e empáticas o que, por sua vez, reduzirá a transfobia.
Fonte: Homotopia.
Nota: Obrigado à Ana pela dica 🙂