“Estamos aqui este ano e estaremos todos os anos!“
É assim que a Organização do Pride de Instambul reagiu à polícia que dispersou a multidão de pessoas que, apesar do controlo policial, conseguiram concentrar-se na Rua Istiklal, onde cantaram ‘slogans’ como “Amor e Liberdade”.
Esta é a quarta vez consecutiva que o governo turco, formado pelo partido islâmico AKP, proíbe a marcha LGBT que se realiza em Istambul desde 2003 e que, até 2014, registou uma participação maior a cada ano, atingindo 100.000 pessoas numa atmosfera festiva e pacífica.
Porém, a partir de 2015, o gabinete do governador da cidade proibiu o evento, justificando com o facto de o mesmo coincidir com o Ramadão ou porque “prejudica o turismo“.
Apesar da proibição, a polícia permitiu que a organização lesse uma declaração à imprensa. “Nós não reconhecemos esta proibição“, disse o grupo na declaração, lida em voz alta.

“O governo não acredita na igualdade entre as pessoas, vê ‘gays’, lésbicas e transexuais como pessoas doentes, hoje eles não permitiram que muitas pessoas tivessem acesso às ruas do centro por causa de sua aparência. O governo acredita que as pessoas LGBT são uma ameaça“, afirmou Gökçe, coordenadora da Marcha.
A polícia disse à multidão que se dispersasse após a declaração lida ontem, alertando que “caso contrário, vamos intervir”. Polícias encontravam-se presentes com cães e canhões de água estacionados nas proximidades que utilizaram para dispersar quem resistiu abandonar o espaço público das ruas de Istambul.
Num comunicado, a organização escreveu:
Estas manifestações tornaram-se cada vez mais difíceis de realizar a cada ano, mas temos conseguimos manter-nos seguros e seguras. Ao contrário destas marchas pacíficas, os crimes de ódio do Estado tornaram-se visíveis à brutalidade policial. Estamos aqui este ano e estaremos todos os anos.
Hoje, com honra e respeito, ridicularizamos quem tenta estabelecer limites ao nosso redor. Pedimos a todas as pessoas que desfrutem das nossas identidades, das nossas fraquezas, dos nossos corpos, da nossa linguagem, dos nossos desejos e de tudo o que nos torna quem somos.
Expandimos o nosso movimento e as nossas fronteiras. Vamos expandir-nos sem limites nas ruas. Terão que nos prender primeiro, terão que afastar-nos das nossas próprias pessoas, mas não vamos desistir de Taksim!
Quando alguém questionar a importância deste tipo de eventos, que, pelo menos uma vez por ano, dá visibilidade no espaço público a pessoas LGBTI, vale a pena dar-lhes a entender que todos os Prides, todas as Marchas hoje realizadas, ainda que muitas já de forma pacífica, foram uma conquista e ainda o são um pouco por todo o Mundo. Haja Orgulho, muito mais Orgulho!
Fontes: Washington Post, DN, Telegraph e Miki.