
“Não queremos perder os nossos direitos ao espaço público!”
Depois de cancelada pelo grupo governamental liderado por Mariela Castro por “novas tensões no contexto internacional e regional” e “em conformidade com a política do Partido, do Estado e da Revolução“, a 12ª Marcha do Orgulho LGBTI decorreu este sábado à rebeldia das autoridades em Havana. Foi então dispersada pela polícia cubana e três pessoas acabaram detidas.
Ativistas foram advertidos dias antes contra a realização de qualquer marcha não autorizada, mas, ainda assim, mais de 100 manifestantes e ativistas tomaram as ruas com bandeiras arco-íris para a Marcha. Depararam-se então com um grande número de agentes da policiais e de segurança. A polícia acabou por dispersar quem participou na Marcha e inclusive deteve três pessoas.

Raul Soublett, ativista pelos direitos humanos, explicou que o evento “foi um sucesso total“, dado que conseguiram reunir tantas pessoas “apesar de todas as expectativas de interferência do governo. É histórico!“, rematou. Já Lidia Romero acrescentou que a concretização da Marcha, ainda que desautorizada é facilmente justificadas porque “não queremos perder os nossos direitos ao espaço público.“
Cuba já foi um lugar especialmente perigoso para a população LGBTI. Durante décadas, pessoas abertamente LGBTI foram alvos de prisão, com algumas enviadas para trabalhar em campos de trabalho. Outras foram negadas a oportunidades de trabalho.
A homossexualidade foi descriminalizada em 1979, e em 2010, o antigo líder cubano Fidel Castro assumiu a responsabilidade pela discriminação contra a comunidade LGBT: “Se alguém é responsável, sou eu.“
No ano passado, o presidente Miguel Díaz-Canel apoiou abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, dizendo que acreditava em “casamento entre pessoas sem quaisquer restrições”.
Mas a proposta de legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo foi apresentada após protestos de grupos evangélicos na ilha. Em vez disso, em dezembro, a Assembleia Nacional de Cuba disse que eliminaria a linguagem que descrevia o casamento na constituição, “como forma de respeitar todas as opiniões“. Não ficou claro, no entanto, se os grupos evangélicos estiveram relacionados com o cancelamento da Marcha do Orgulho LGBTI cancelada este sábado.
Fontes: Pink News e Washington Post.