
Realizaram-se, uma vez mais, os Casamentos de Santo António, um evento organizado e promovido pela Câmara de Lisboa onde casamentos religiosos e civis são celebrados na véspera do feriado da cidade. Apesar de negada, existe uma clara discriminação no boletim de inscrição de casais contra casais do mesmo género.
Na defesa da autarquia é usada o argumento de que no regulamento dos Casamentos de Santo António não surge qualquer indicação de que não possam participar casais do mesmo género, mas a verdade é que no boletim de inscrição surgem apenas os campos “nome da noiva” e “nome do noivo”, como se pode ver abaixo:

Lamento, mas ter unicamente as opções “nome de noiva” e “nome de noivo” exclui, como parece ser óbvio, casamentos entre pessoas do mesmo género, legal em Portugal desde 2010. Casais do mesmo género que tivessem interesse em participar no evento público da cidade não teria, pois, escolha na inscrição que, logo à partida os excluiria. Não é pois de estranhar que nunca tenha havido candidaturas de casais homossexuais.
Num evento organizado e promovido pela Câmara Municipal de Lisboa é, no mínimo, questionável a falta de atualização nas inscrições após 9 anos da legalização do casamento livre. Onde anda, afinal, o Orgulho? Pleno e transversal?
Atualização 13 de janeiro 2020:
Foi anunciado que o Bloco de Esquerda (BE) vai propor que o boletim de inscrição nos casamentos de Santo António seja alterado de forma a contemplar a possibilidade de participação de casais constituídos por pessoas do mesmo sexo. Assinada pelo vereador dos Direitos Sociais, Manuel Grilo, “o Regulamento dos Casamentos de Santo António é omisso em relação à possibilidade de participação de pessoas do mesmo sexo”.
O BE quer também que seja divulgada esta possibilidade de participação de casais homossexuais nos casamentos de Santo António, cujas cerimónias integram as Festas de Lisboa, que se realizam no mês de junho.
“Os casamentos de Santo António tiveram início em 1958, com a cerimónia religiosa. Após uma longa interrupção, foram retomados em 1997, já com a inclusão de casamentos civis. Na sua origem reside uma iniciativa de cariz solidário que apoia casais a concretizarem o seu casamento. Atualmente a iniciativa é da Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a EGEAC [Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural]”.
Será que em junho, em pleno mês do Orgulho LGBTI, veremos um primeiro casamento de Santo António arco-íris?
Nova atualização: o boletim de inscrição para este ano, ainda que não escrito com língua em inclusiva, não fala em noivo e noiva:
Os Casamentos de Santo António foram discutidos no Podcast Dar Voz A esQrever, oiçam:
Meu Deus!!! Vocês perderam toda a noção do ridículo!!! O que é que queria, ó Pedro Carreira?! Só porque o Cavaco Silva, coitado já um pouco senil, em 2010, se esqueceu que existe um VETO, e aprovou essa parvalheira, essa “coisa desclassificada” de casamento entre pessoas do mesmo sexo (não género) podem vir, numa festa de um Santo Católico exibir as vossas poses obscenas?! Se enxerga, meu. Eu fico pasma com tanta ausência de inteligência…Estupidez tem limites, sabia?!
Santo António é Santo católico. Respeite, se quiser ser respeitado Custa respeitar?! Nem sei como há pessoas que vos levam a sério…Haverá católicos que compactuam com estas ideias de “noivos gay”, no Santo António?! Este país ficou de “ponta cabeça”, sabe o que significa?!