Do You Believe?: Cher ao vivo em Berlim

Uma das vantagens de estar desterrado num país como a Alemanha é a oferta cultural superior de cidades próximas, como é o caso de Berlim. Por isso ao saber do concerto raro de alguém como a Cher é difícil não agarrar esta oportunidade única. Apesar de ser conhecida por ter mais tours de despedida do que décadas na indústria do entretenimento, é um acontecimento raro ver Cher fora das lides de Las Vegas e a realizar uma tour fora da América do Norte.

E a realidade é que esta ironicamente intitulada “Here We Go Again Tour” é uma versão móvel do espectáculo de Las Vegas, com tudo o que isso tem de bom e de… menos bom, porque não há nada de realmente mau em Cher, okay? A opulência do palco de casino Las Vegas teve um ligeiro downgrade para a Mercedes-Benz Arena de Berlim – completamente cheia e com homens gay com mais de 45 anos a serem (finalmente) uma maioria – mas os elementos cénicos continuaram todos lá, plumas, brilhantes, extravagância kitsch. Quase sempre a roçar o mau gosto mas com um já afinado sentido de humor. Mesmo quando está a relatar a sua biografia em palco em módulos de video auto-congratulatórios, feitos para esconder os tempos de espera para mudanças de figurino. E elas foram cerca de 10!

O alinhamento era composto por poucas canções recentes, incluindo dois duetos sem a outra pessoa presente e completamente desajustados para um espetáculo destes. A maioria no entanto era composta pelas canções que todos queriam ouvir, desde ‘I Got You Babe‘ até aos covers de ABBA (‘Fernando‘ foi incrível), passando claro pela estrondosa fase de ‘Believe‘, que terminou o concerto de forma apoteótica, mas que foi eclipsada pelas interpretações incríveis de ‘Strong Enough‘ e ‘All or Nothing‘ no início do espetáculo.

A melhor secção do concerto foi mesmo a fase rock dos anos 80, com a colossal balada rock ‘I Found Someone‘ e a nostálgica ‘If I Could Turn Back Time‘. Cher estava vestida (ou despida) tal e qual como no video da última e com os seus 73 é impossível não ficar impressionado com a confiança e poder nesta demonstração de sexualidade e vitalidade. Mensagem essa que ia sendo reforçada ao longo de todo o espectáculo com a cantora sempre a reforçar que a idade nunca a impediu de fazer o que queria. Não a impediu de quando o realizador das Bruxas de Eastwick e Jack Nicholson disseram que ela era demasiado velha para o papel. Não a impede agora. Because she’s fucking Cher. And don’t you forget it.

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